Folha de S. Paulo


Mimulus Cia de Dança exibe ritmos brasileiros como o choro e o maxixe

Do lado esquerdo de quem sobe a rua Ituiutaba, em Belo Horizonte (MG), está localizado há 25 anos o galpão da Mimulus Cia de Dança. Em períodos de experimentos, as portas, que dão direto nas calçadas, não raro ficam abertas para que o público possa ver, sentir e até interferir nas criações.

A ligação de afeto dos artistas com esse lugar e a influência histórica do surgimento de danças e músicas populares brasileiras nas primeiras décadas do século 20 marcam o espetáculo "Do Lado Esquerdo de Quem Sobe", que será apresentada neste sábado (22) e neste domingo (23) na temporada de dança do Teatro Alfa, em São Paulo.

O bailarino e coreógrafo Jomar Mesquita, diretor da companhia, conta que ao pesquisar ritmos como o samba, o maxixe, o choro, entre outros, a relação com a rua está sempre presente. "Esses ritmos surgem nas calçadas, com os músicos tocando de dentro pra fora de suas casas. No trabalho há muitas referências relativas a essa urbanidade", diz.

Guto Muniz/Divulgação
Cena do espetáculo 'Do Lado Esquerdo de Quem Sobe
Cena do espetáculo 'Do Lado Esquerdo de Quem Sobe', da Mimulus Cia de Dança

"Do Lado Esquerdo" foi criada em 2006 e desde então fez muito sucesso aqui e no exterior, com críticas que sempre exaltaram sua brasilidade, tanto da dança como da música. Quando passou pelos EUA, em 2007, o "The New York Times" apontou: "Jomar Mesquita e sua Mimulus Cia de Dança deveriam ser engarrafados e vendidos como elixir."

Essa tônica vibrante e brasileira está presente no repertório formado por músicas de Noel Rosa, Danilo Caymmi, Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, entre outros, executadas por Yamandú Costa. No meio do espetáculo, o público também contribui na percussão ao "tocar" sacos de papel distribuídos na entrada.

No corpo dos bailarinos, esses ritmos explodem, principalmente nos duos, que são a marca da Mimulus desde sua origem, com a pesquisa das danças de salão. "Essas danças surgem da fusão da cultura africana com a europeia. O tipo de gestual já é parte de nós, mas se acentuou no momento da criação. O desafio é desconstruí-lo para chegar ao contemporâneo, já que não se trata de um espetáculo de época", explica Mesquita.

Quando questionado sobre as semelhanças do trabalho da Mimulus com o do conterrâneo Grupo Corpo, dos Pederneiras, Mesquita diz perceber que os mineiros têm um pouco em comum o ato de "buscar referências fora da cidade e em outros países para então 'ruminar' entre as montanhas e criar seu jeito próprio de dançar."

Desde 1990, a Mimulus tem uma escola de dança fundada pelos pais de Mesquita e que ainda permanece em atividade. Em 2000, o grupo nascido ali ganhou o mundo profissionalmente.

DO OUTRO LADO DE QUEM SOBE A RUA
Mimulus Cia de Dança
QUANDO: sábado (22), às 20h, e domingo (23), às 18h
ONDE: Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000
QUANTO: de R$ 50 a R$ 80
CLASSIFICAÇÃO: livre


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