Ao apresentar várias histórias que cedo ou tarde confluem para Chris Wolff (Ben Affleck), o contador do título, o thriller começa de maneira promissora. O personagem é construído gradativamente, assim como o sólido suspense em torno dele.
Chris é autista, extremamente dotado para lidar com números e incompetente para tratar com pessoas. Por meio de vários flashbacks, ficamos conhecendo as tribulações de sua infância, marcada pelo abandono da mãe e pelo tratamento duro que recebeu do pai, que o obrigou a aprender artes marciais.
Chuck Zlotnick/Warner Bros. Pictures/ASSOCIATED PRESS | ||
Ben Affleck como Chris Wolff em cena de "O Contador" |
Por trás de uma aparência comum, Chris trabalha lavando dinheiro para várias organizações mafiosas. Quando o Tesouro dos EUA começa a seguir seu rastro, ele aceita atuar numa empresa legal, com a missão de detalhar um milionário desvio de fundos identificado por Dana Cummings (Anna Kendrick). Não demora muito para o contador ser caçado e seu misterioso grupo de assassinos de aluguel.
Ali a narrativa desanda, bifurcando-se numa longuíssima cena espalhafatosa e cheia de tiros, e um arremedo de melodrama enxertado por novos flashbacks sobre o passado doloroso do personagem e pela relação deste com Dana, muito mal trabalhada.
Para piorar, quando Chris enfrenta seus oponentes ele se aproxima mais do super-herói. O autismo lhe confere poderes especiais, pois ele se revela uma perfeita máquina de matar, conjetura tão extravagante quanto hipócrita que o filme abraça sem hesitar. (