Folha de S. Paulo


Tom Jones mostra novos arranjos para velhas canções em show em São Paulo

"Não é permitido perguntar sobre as calcinhas que as fãs atiram no palco." Essa foi uma das condições passadas pela assessoria de imprensa que intermediou a entrevista por telefone do cantor galês Tom Jones à Folha.

Não devem ser incomuns perguntas desse teor, tratando-se do crooner de "Sex Bomb", cuja persona no palco se notabilizou pela camisa abotoada até a metade. Bem antes do surgimento de Wando.

Em 1965, Tom Jones integrava o catálogo da gravadora inglesa Decca, junto com Rolling Stones, Small Faces e Them, à época liderado por Van Morrison. Com seu hit "It's Not Unusual", Jones se tornou um dos principais artistas solo da Invasão Britânica, fenômeno que levou bandas como Beatles, Kinks e os próprios Stones ao topo das paradas nos EUA. Desde então, os passos na carreira do intérprete se mantiveram superlativos.

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O cantor Tom Jones, que faz show em São Paulo nesta terça (13)

Vendeu mais de 100 milhões de discos, impulsionados por sucessos como "Delilah", "Moma Told me Not to Come" e "What's New Pussycat?", de Burt Bacharat. Estrelou um programa de TV com a diva Raquel Welsh, veio ao Rio em 1974 para um show de gala no Hotel Nacional, fez temporadas regulares em Las Vegas, entre 1967 e 2011.

"Parei de tocar lá porque deixou de ser divertido. Antes eu me apresentava com gente como Elvis, Sinatra e Aretha Franklin. Mas o público agora só está interessado em musicais. É Cirque du Soleil Beatles, Cirque du Soleil Elvis", diz Tom Jones.

Nesta terça (13), o músico realiza no Citibank Hall, em São Paulo, seu segundo show no Brasil. Mesmo com a presença garantida dos seus sucessos mais pop, o setlist também vai contemplar uma fase musicalmente mais sóbria do artista, na qual vem resgatando suas raízes country, blues e gospel, gêneros que costumava sintonizar pela BBC e pela Radio Luxenbourg, antes de deixar o País de Gales.

A guinada artística ocorreu em 2010, quando assinou com a Island Records e começou a trabalhar com o produtor Ethan Johns, que já havia gravado de Crosby, Stills and Nash a Kings of Leon. "Ele disse: 'Escuto características da sua voz que acho que ainda não foram devidamente exploradas'. Então começamos a trabalhar juntos e fiquei muito contente com o resultado", afirma Jones.

A parceria rendeu três álbuns: "Praise and Blame" (2010), "Spirit in the Room" (2012) e "Long Lost Suitcase" (2015). Pelos arranjos e pela rouquidão do vocal, a tríade lembra a série American, que encerrou a discografia de Johnny Cash. Inclusive, "Praise and Blame" traz "Ain't No Grave" e "Run On", duas tradicionais canções gospel que haviam sido interpretadas pelo ícone country nos discos "American V" (2006) e "American VI" (2010).

O britânico, no entanto, nega ter havido influência. "Foi uma coincidência. Eu só conhecia 'Run On' na versão do Elvis Presley. E escutei 'Ain't No Grave' pelo Johnny Cash depois que lancei o disco", explica.

Apesar do teor mais cru dos álbuns mais recentes, centrados na combinação voz e violão, Jones traz a São Paulo uma banda completa, com direito a naipe de metais.

"Faço novos arranjos das velhas canções, inclusive para mantê-las interessantes para mim. Mas sempre entendi que, uma vez no palco, você não está lá só para se satisfazer, tem que agradar o público. De modo que dá para reconhecer os hits assim que eu começo a cantar. Não será nada como Bob Dylan [risos]", brinca o músico.

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TOM JONES
QUANDO: Terça (13), às 21h30
ONDE: Citibank Hall, av. das Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, tel.: 11 4003-5588.
QUANTO: A partir de R$ 120 p/ ticketsforfun.com.br


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