Folha de S. Paulo


Lançando livro sobre Santos Dumont, holandês debate trajetória do inventor

Em uma mesa intitulada "Encontro da arte com a ciência", dois artistas se reuniram para celebrar um dos homens que mais borraram essa fronteira na história do Brasil: Alberto Santos Dumont.

Arthur Japin, escritor holandês que lança na Flip "O Homem com Asas" (Planeta), sobre o aviador brasileiro, disse que o que o fez se apaixonar pelo protagonista de seu livro foi "seu coração e alma". "Ele era um garoto tímido, sozinho, que não se encaixava."

Segundo Japin, Santos Dumont tinha enorme vontade de ir para o céu para fugir da sociedade que o isolava. "Tanta gente é outsider e cria maneiras de sobreviver a isso. Só que ele inventou algo que beneficiou a todos."

Guto Lacaz, artista plástico e inventor ele mesmo, afirmou que Santos Dumont não só criava máquinas, mas era "um pioneiro no design de produtos no Brasil". "Ele via o que fazia não só como invento, mas como um produto com beleza, plasticidade, sutileza".

O mediador da mesa, o colunista da Folha e diplomata Alexandre Vidal Porto, citou uma conversa com Marçal Aquino em que o escritor definia Lacaz como "o brasileiro que mais gostaria de voar, depois de Santos Dumont".

"É um exagero", retrucou ele. "Sou um dos dez primeiros", disse, arrancando risadas da plateia lotada.

Lacaz, que organizou uma exposição intitulada Santos=Dumont Designer em 2006, ano do centenário do voo do 14-Bis, mostrou durante a mesa uma apresentação com imagens e vídeos de obras do aviador.

Ele também fez uma série de demonstrações didáticas de aerodinâmica, como quando simulou o voo de um balão com uma miniatura de papel e um secador de cabelo, para a comoção da plateia.

Ele ressaltou ainda que Santos Dumont não foi o inventor do avião, mas a primeira pessoa a fazê-lo voar. "O avião é uma invenção coletiva".

HOMOSSEXUALIDADE

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A orientação sexual de Santos Dumont foi abordada quando Vidal Porto provocou: "Existe uma dificuldade no Brasil em aceitar heróis homossexuais", em alusão ao relato, presente no livro de Japin, de que o aviador era gay.

O holandês disse que esse fato é recebido de forma bem diferente na Europa e na terra natal de Dumont. "Aqui, todos os jornalistas me perguntam por que eu menciono que ele era gay. Não fiz de propósito, é uma parte de sua vida. As pessoas não acreditam que ele era gay, isso é chocante pra mim".


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