Folha de S. Paulo


TV aposta na dramaturgia ao vivo para estancar a fuga do público

Para estancar a fuga do público rumo a redes sociais, serviços de vídeo sob demanda, YouTube e afins, a televisão está voltando aos seus primórdios.

O boom de programas "ao vivo", não só jornalísticos ou realities, mas cada vez mais de dramaturgia, é uma das principais tendências globais apresentadas nesta semana no MIPTV, a segunda mais importante feira do setor, realizada em Cannes (França).

Nos EUA, maior produtor e exportador de conteúdo, o musical emerge como gênero preferido desse "revival".

Em dezembro, "The Wiz", releitura black power de "O Mágico de Oz", teve 11,5 milhões de espectadores, número muito expressivo atualmente na TV aberta de lá.

Dois meses depois, uma versão de "Grease" fez melhor (12,21 milhões). Agora, uma transmissão ao vivo da peça "A Few Good Men", que deu origem ao filme dramático "Questão de Honra" (1992), está nos planos da rede NBC.

Mas é na internet e na arena dos aplicativos que o formato parece de fato concretizar seu potencial.

Sites como Streamup e Splaytv e apps como Vine e Periscope viram sua audiência crescer rapidamente (sobretudo na faixa dos 18 a 34 anos) ao oferecer, além da transmissão simultânea e da sensação de urgência (o "piscou, perdeu") intrínseca a ela, a possibilidade de interação com os criadores (por meio de curtidas, comentários, assinatura de canais on-line e compartilhamento de vídeos).

"Primeiro, a audiência dos reality shows da TV caiu porque eles estavam muito roteirizados, artificiais. Foi quando disparou o público dos video bloggers, que pareciam mais verdadeiros", explica Dan Biddle, do Twitter, que comprou Vine e Periscope.

"Mas então esses também ficaram produzidos demais, super bem editados. As transmissões ao vivo devolvem a autenticidade perdida."

COPRODUÇÕES

Além da ênfase no "ao vivo", o mercado televisivo caminha para mais coproduções internacionais de ficção faladas em inglês (mirando a exportação), como "Versalhes", centrada na figura do rei francês Luís 14, ou "Medici: Mestres de Florença", sobre o clã de mecenas italianos, com Dustin Hoffman.

Em paralelo, variações insólitas de premissas surradas continuam a pipocar, como esta espécie de "Namoro na TV" espanhol em que nerds despacham marmanjos mais bem apanhados para encontros com pretendentes e passam instruções/perguntas por ponto eletrônico antes de se revelar.

Programas de sobrevivencia na selva e outros estrelados por animais prodígio (spoiler: aparentemente, um cão inglês sabe pilotar um avião!) também estão na ordem do dia.


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