Folha de S. Paulo


De Proust a Goethe, Coleção Folha reúne obras de autores fundamentais

Chegam às bancas no próximo domingo (10) os dois primeiros volumes da Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura, uma oportuna chance para a aquisição de uma biblioteca pessoal para estimular o contato com livros fundamentais e arrebatadores.

São 28 volumes que abrangem 227 anos de produção literária, de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" (1774), de Goethe, a "Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento" (2001), da contista canadense Alice Munro, ganhadora do Nobel de Literatura em 2013.

Ela não está sozinha entre os vencedores do Nobel que fazem parte da coleção. A lista inclui também o italiano Luigi Pirandello (1934), o irlandês Samuel Beckett (1969) e alemã Herta Müller (2009).

A coleção abre com "A Fugitiva", do francês Marcel Proust. O primeiro volume custa nas bancas R$ 19,90 e com ele o comprador ganha o volume 2, "O Curioso Caso de Benjamin Button", do americano F. Scott Fitzgerald.

Segundo o colunista da Folha Manuel da Costa Pinto, curador da coleção, as traduções foram selecionadas entre as melhores disponíveis no cenário editorial.

"É o caso da magnífica tradução do poeta Carlos Drummond de Andrade para a obra de Proust. A lista inclui versões feitas especialmente para a coleção, como 'Memórias do Subsolo', de Fiódor Dostoiévski, e 'A Morte de Ivan Ilitch', de Lev Tolstói, vertidos diretamente do russo por Irineu Franco Perpetuo, e 'O Marido Dela', de Pirandello, que tem sua primeira edição no Brasil feita pelo tradutor Francisco Degani.

Do idioma português, a coleção traz nomes centrais da literatura do Brasil (Machado de Assis, Clarice Lispector e Hilda Hilst) e de Portugal (Eça de Queirós e Fernando Pessoa).

As capas dos livros foram feitas exclusivamente para a coleção, pintadas pelo ilustrador Weberson Santiago.

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SOBRE PROUST

Mestre da união entre prazer e conhecimento, lembrança e contemplação, beleza e dor, Marcel Proust nos leva a mergulhar nas reminiscências de uma perda: a separação definitiva entre o narrador do livro e Albertine, sua amada eternamente volátil.

Não se trata, porém, de um relato lamuriento. Pois, como se lê no próprio texto, "há momentos da vida em que uma espécie de beleza nasce da multiplicidade de aborrecimentos que nos assalta". Com sua capacidade de criar verdadeiras paisagens verbais, Proust transforma o sentimento em arte, passando pela música, pela arquitetura e pela pintura. As idas e vindas mentais, a corrosão dos sentimentos, o jogo da memória e da dúvida, o luto e a esperança, são estes os elementos com os quais a prosa inigualável do autor nos embala.

Além de seu valor autônomo, este livro é uma porta de entrada, de gala, para o universo do monumental "Em Busca do Tempo Perdido", uma aventura literária –talvez a maior do século 20– que custou mais de 14 anos ao autor e da qual faz parte "A Fugitiva".

SOBRE FITZGERALD

Nascer, crescer, envelhecer e morrer são etapas de todo destino e só a ficção permite imaginar outros rumos. F. Scott Fitzgerlad fantasiou a inversão da seta do tempo em "O Curioso Caso de Benjamin Button", a saga de um homem que nasce velho e morre bebê.

O autor conquistou fama aos 23 anos com um romance sobre a ascensão de um jovem, como ele, impaciente para conquistar o mundo. Logo encontrou mais de um estímulo para assumir o papel de ícone de uma era, os anos 1920, louca, impulsiva, acelerada. Uma nota em seu diário diz: "A felicidade depende do bom desempenho das funções naturais, exceto uma –envelhecer".

Sua morte, aos 44 anos, exemplifica o lema "viva rápido, morra jovem", um modo até hoje eficaz de alcançar a imortalidade. "O Curioso Caso de Benjamin Button", publicado em 1922, combina fantasia e realismo para anunciar a busca por rejuvenescimento que convertemos em obsessão. Não falta, porém, melancolia a esta fábula que inverte a cronologia para concluir que no fim das contas tanto faz ganhar ou perder.


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