Folha de S. Paulo


Mostra no Centro Brasileiro Britânico revisita crise hídrica em telas

Numa semana em que São Paulo afoga em tempestades de fim de verão, a seca do ano passado que esvaziou as represas e tornou corriqueiras expressões como volume morto parece distante na memória.

Mas é justo essa lembrança, de paisagens estorricadas e uma natureza virada do avesso, que orienta agora uma mostra no Centro Brasileiro Britânico. Nela, pinturas, gravuras e colagens de seis artistas vão de um extremo ao outro, de desertos artificiais que surgiram com intervenções do homem a exuberantes cenários tropicais que ainda resistem a todos esses assaltos.

Divulgação
Obra de Ana Michaelis na mostra 'Água, Paisagem Inalterada', no Centro Brasileiro Britânico ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Obra de Ana Michaelis na mostra "Água, Paisagem Inalterada", no Centro Brasileiro Britânico

No lado mais árido da coisa, o irlandês James Concagh usa pedaços de tecido preto para fazer colagens que aludem a ilhas no litoral de seu país que não têm vegetação.

Na outra ponta, Patricia Furlong mostra um jardim de plantas ultracoloridas atravessado por riachos –um contraponto às imagens de represas secas que circularam com tanta voracidade no auge da crise hídrica que atingiu o país.

Enquanto políticos e empresas tentavam se esquivar da culpa pela catástrofe, artistas reagiram reinventando esses cenários de destruição.

Tanto que Maria Alice Milliet, que organiza a mostra, viu nessas obras uma espécie de nostalgia. "Há uma saudade da paisagem", diz a curadora. "Estamos nostálgicos em relação a uma paisagem que está desaparecendo, e os artistas estão voltando a pintar a partir da paisagem."

Ou estilizam esses cenários. Numa série de gravuras, Cris Rocha transforma o que às vezes lembra uma praia, um lago ou um pântano em turbilhões de linhas e manchas azuladas que atravessam o que seria o horizonte.

Mais contida, Ana Michaelis cria paisagens brancas com ilhas negras que flutuam na altura do olhar, algo entre o chão e o céu, nuvens que desceram de um firmamento incerto.

ÁGUA, PAISAGEM ALTERADA
QUANDO abre neste sábado (12), às 11h; de seg. a sex., 10h às 19h; sáb. e dom., 10h às 16h; até 30/4
ONDE Centro Brasileiro Britânico, r. Ferreira de Araújo, 741, tel. 3819-4120
QUANTO grátis


Endereço da página: