Folha de S. Paulo


Djavan mostra diversidade no álbum 'Vidas pra Contar' e em shows em SP

Marcos Hermes/Divulgação
O cantor e compositor Djavan durante show para gravação do DVD e CD
O cantor e compositor Djavan durante show para gravação do DVD 'Rua dos Amores - Ao Vivo'

Djavan mostra em São Paulo nesta semana o show de seu mais recente álbum, "Vidas pra Contar". A Folha acompanhou um ensaio completo no estúdio caseiro do cantor, no Rio, e ficou fácil perceber que talvez seja a apresentação mais forte de Djavan nos últimos anos.

A explicação é simples: "Vidas pra Contar" tem um repertório de boas canções que se encaixam naturalmente entre os hits das quatro décadas de sucesso do cantor.

A variedade de gêneros do 23º álbum de sua carreira fica evidente num xote como "Vida Nordestina" ou em "Não É um Bolero", que realmente é um. Djavan flerta com os estilos, embora parte da nova safra de canções esteja em sua "zona de conforto", um pop sofisticado com elementos de tudo o que se resolveu chamar de MPB.

"A variedade me acompanha desde sempre. Bem pequeno eu já tinha uma curiosidade sobre como se faz um bolero, uma valsa. Até hoje, é a graça da música. Começo a compor e aquilo vai ganhando uma forma e se encaixa num gênero."

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A ILUSÃO DO NOVO

Compor não é exatamente fácil. "Preciso da introspecção total, pelo menos na composição. Você não consegue fazer logo o que quer. Quando começa, acha que não vai fazer nunca mais essa coisa. Em 40 anos de carreira, você fez coisa pra caramba, mas quer ter pelo menos a ilusão de estar fazendo algo novo. O processo de compor, no início, é sofrido, dolorido."

Por isso, Djavan não é desses autores que têm várias músicas guardadas num baú. "Tenho o hábito horrível de só me interessar por aquilo que eu acabei de fazer. A cada disco ficam uma ou duas músicas sem gravar, mas eu nunca uso depois. É aquela coisa do pão quente, que se faz para comer na hora."

Caso raro é seu sucesso "Oceano". Ele guarda fitas com pedaços de melodias, mas nunca volta a escutá-los. Sua filha descobriu frases musicais, cinco anos depois de gravadas, que mostrou ao pai e acabaram se transformando em "Oceano".

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Djavan divide sua vida em ciclos de dois anos, o tempo que leva para compor, gravar e fazer shows, participando de todas as etapas. "Cinco canções é o que preciso para entrar no estúdio, não mais que isso. Gosto do estar com os músicos e os equipamentos, é inspirador para que eu crie o resto das músicas."

Os músicos costumam ter dificuldade com a divisão rítmica de Djavan. Ele lembra, aos risos, do conselho de um de seus primeiro produtores: "Você tem talento, mas sua música é muito difícil. Você tem que facilitar. Sabe Antonio Carlos e Jocafi? Fazem um versinho aqui, um versinho acolá e estão milionários!".

Na primeira gravação que fez nos Estados Unidos, na hora da mixagem o produtor sugeriu que Djavan fosse dar uma volta e o deixasse trabalhar sozinho. "Você está louco, rapaz? O disco é meu!"

Essa música extremamente pessoal de Djavan será ouvida em São Paulo. Noites de diversidade. "Preciso correr riscos", resume.

DJAVAN
QUANDO sexta (11) e sábado (12), às 22h30
ONDE Citibank Hall, av. das Nações Unidas, 17.955, tel. (11) 4003-5588
QUANTO de R$ 80 a R$ 320
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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