Folha de S. Paulo


Astronomia

Hubble identifica a composição da atmosfera de uma superterra, e não é nada como a da Terra

O SABOR DAS DIFERENÇAS

O capitão Kirk não estava de brincadeira quando falou sobre explorar "estranhos novos mundos". Conforme aprendemos mais sobre os planetas que orbitam outras estrelas, temos de estar preparados para incríveis surpresas.

55 CANCRI

Pegue, por exemplo, o mais interno dos cinco planetas detectados em torno de uma estrela bem parecida com o Sol, a 41 anos-luz de distância daqui. Conhecido como 55 Cancri, ele foi alvo de uma honra singular: o primeiro planeta da classe das superterras a ter sua atmosfera analisada.

AUTÓGRAFO

O trabalho, feito por cientistas do University College de Londres, envolveu o uso do Telescópio Espacial Hubble. Quando o planeta passava à frente de sua estrela –o que acontece a cada 18 horas–, parte da luz estelar atravessava de raspão a atmosfera daquele mundo, carregando consigo a "assinatura" dos gases presentes.

COLUNA DO MEIO

O planeta tem aproximadamente o dobro do diâmetro da Terra, o que o coloca numa categoria intermediária entre os menores gigantes gasosos do Sistema Solar (Urano e Netuno) e o maior dos planetas rochosos por aqui (é nóis!). Daí o nome superterra.

ESTÁ NO AR

A análise mostrou que ele tem uma atmosfera em que predominam hidrogênio e hélio –gases ausentes nos mundos rochosos do Sistema Solar, mas comuns nos gasosos. E, o que talvez seja mais curioso, os astrônomos também detectaram a possível presença de cianeto de hidrogênio –um gás tóxico que, no entanto, pode ter tido um papel como molécula precursora da origem da vida.

INOSPITALIDADE

O planeta, contudo, é inabitável. Ele orbita muito perto de sua estrela-mãe, o que faz com que a temperatura em sua superfície fique em torno de 2.000 graus Celsius. E estudos anteriores, feitos com o Telescópio Espacial Spitzer, mostram que ele possivelmente tem ainda intenso vulcanismo.


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