Folha de S. Paulo


Shigeru Mizuki, artista japonês que retratou 2ª guerra, morre aos 93 anos

Premiado autor japonês de mangá, cujas recriações de histórias de fantasmas tradicionais e descrições dos horrores da Segunda Guerra Mundial ajudaram os animês a ganharem popularidade mundial, Shigeru Mizuki morreu nesta segunda-feira (30) aos 93 anos.

O artista, renomado e querido no Japão, era estudante de arte quando foi convocado em 1942 e enviado para lutar na Nova Guiné, onde perdeu o braço esquerdo e testemunhou cenas que o assombraram pelo resto da vida.

Estreando em 1957, Mizuki passou a desenhar mangás que tratavam dos bombardeios norte-americanos durante a guerra, dos abusos que ele e outros recrutas sofreram de comandantes submissos ao imperador e de uma biografia de Adolf Hitler.

Yoshikazu Tsuno - 12.mai.2015/AFP
This picture taken on May 12, 2015 shows Japanese 93-year-old comic artist Shigeru Mizuki sitting next to his famous character
Shigeru Mizuki com seu famoso personagem Kitaro em seu estúdio em Tóquio

Em 1979, ilustrou "A Escuridão do Reator Nuclear de Fukushima", sobre as vidas dos funcionários da usina, anos mais tarde atingida por um terremoto e um tsunami em 11 de março de 2011.

Em uma obra de 1991 de uma revista educativa, ele retratou os abusos cometidos por soldados japoneses na China e na Coreia nos tempos da guerra, incluindo uma cena na qual um soldado se vangloria de testar sua nova espada em "cinco ou seis" civis.

Mas Mizuki provavelmente ficou mais conhecido por "Ge-ge-ge no Kitaro", uma série de mangás sobre um menino fantasma que combate diversos monstros baseados no folclore japonês que mais tarde virou um desenho animado exibido na televisão durante muitos anos.


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