Folha de S. Paulo


Produção de filmes nórdicos presente na Mostra mergulha na adolescência

Em uma cidade no interior da Suécia, Jennifer, uma adolescente de 14 anos, acusa um rapaz popular de tê-la estuprado –desacreditada, ela é contestada por toda a vizinhança. Corta para outro filme, agora entre as montanhas nevadas da Islândia. O garoto Ari, 16, é obrigado a se mudar para outra cidade e torna-se testemunha de abusos.

Destaques da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o sueco "Flocking", de Beata Gårdeler, e "Pardais", de Rúnar Rúnarsson, filme coproduzido pela Islândia, Dinamarca e Croácia, traduzem as obras dos países nórdicos exibidos no festival.

São 60 filmes produzidos ou coproduzidos por Islândia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, dos quais 45 ainda podem ser vistos, inclusive "Flocking" (4/11 às 19h40, na Matilha Cultural) e o "Pardais" (amanhã, às 19h45, no shopping Frei Caneca). A mostra termina na quarta-feira (4).

Dos 60 títulos trazidos para o Brasil, 19, ou quase um terço, abordam o universo infantil ou adolescente.

Divulgação
Jennifer (Fatime Azemi) em cena do filme
Jennifer (Fatime Azemi) em cena do filme "Flocking", de Beata Gårdeler

"Ser jovem, fingir ser adulto e depois de fato tornar-se adulto pode ser belo, trágico e difícil ao mesmo tempo", diz Rúnarsson, diretor de "Pardais", vencedor do prêmio principal do Festival de San Sebastián deste ano, e também de outro filme exibido na mostra paulistana, "Vulcão" (de 2011, com exibição amanhã às 13h30 no Frei Caneca), sobre um universo no outro extremo, a velhice.

O diretor islandês afirma gostar de retratar "fases de transição e encruzilhas, presentes tanto na juventude quanto na velhice".

Para Renata de Almeida, diretora da mostra, o tema surge nos filmes desses países porque "eles se preocupam com a formação de público e encaram o cinema como parte da educação". Ela observa que os filmes também discutem a maturidade dos adultos, "às vezes mais irresponsáveis que os adolescentes".

Em "Vovó Está Dançando na Mesa" (exibido hoje às 20h50 no Frei Caneca), filme sueco de Hanna Sköld, a imaginação salva o cotidiano de Eini, uma garota de 13 anos que vive com o pai abusivo.

Já "Minha Irmã Magra", produzido pela Suécia e pela Alemanha, mostra uma adolescente vítima de um transtorno alimentar. O filme, vencedor do Urso de Cristal no Festival de Cinema de Berlim –prêmio para filmes sobre jovens– já não será mais exibido na mostra, mas tem chances de voltar na repescagem, que começa no dia 5/11 e dura uma semana.

A rebeldia juvenil se mistura a questões relativas à imigração em "Uma Noite em Oslo", sobre dois jovens, de origens somali e palestina, apaixonados pela norueguesa Thea. O filme será exibido em 4/11, às 15h30, no Frei Caneca.

No pesado "Coração de Leão" (hoje, às 15h45, no Belas Artes, e amanhã, às 19h, no Frei Caneca), um finlandês neonazista deve aprender a conviver com o filho da namorada, um menino negro.


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