Em ensaio sobre a obra de Richard Wagner (1813-1883), o filósofo Slavoj Zizek mostra como a pressuposição psicológica da ópera "Lohengrin" é a de que os personagens não sejam capazes de escutar a música orquestral (leia reportagem aqui).
No segundo ato isso é decisivo: tudo, desde o prelúdio, gira em torno de dois motivos musicais curtos, associados respectivamente à pergunta proibida e à dúvida que a motiva.
Se Elsa escutasse o que a orquestra eloquentemente aponta, talvez não chegasse a quebrar a promessa de jamais perguntar o nome de seu protetor.
| Heloisa Ballarini/Divulgação | ||
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| Ensaio da ópera 'Lohengrin' no Theatro Municipal de São Paulo |
O ponto alto da estreia, na quinta-feira (8), foi exatamente o segundo ato, antes de tudo pela qualidade da Sinfônica Municipal –dirigida com expressividade e consciência estrutural pelo maestro John Neschling–, mas também pelo impecável Coro Lírico.
VOZES
Ver em cena Marianne Cornetti (como Ortrud) e Tómas Tómasson (Frederico) é uma experiência marcante, idem para o baixo brasileiro Luiz-Ottavio Faria (Rei).
Igualmente lindas e adequadas aos papeis estão as vozes de Tomislav Muzek (Lohengrin) e Marion Ammann (Elsa), embora a direção cênica (de Henning Brockhaus) tenha tirado um pouco da tensão afetiva do dueto
culminante do terceiro ato.
A ambientação rude (repleta de panos e cadeiras), o uso de máscaras e a suposição de que o drama possa se passar na interioridade de Elsa não prejudicam a apreciação.
Mas intervenções como a volta final das máscaras e a recusa da humanização do cisne parecem desamarrar o simbolismo geométrico de Wagner. Afinal, sabemos que nada será como antes depois da passagem do cavaleiro do Graal.
LOHENGRIN 
QUANDO: sáb. (10 e 17), ter. (13 e 20) e qui. (15), às 20h; dom. (11 e 18), às 18h
ONDE: Theatro Municipal De São Paulo, praça Ramos De Azevedo, s/nº; tel. (11) 3053-2090
QUANTO: de r$ 50 a r$ 120
CLASSIFICAÇÃO: 10 anos
