Folha de S. Paulo


Falta talento para conhecer o público, diz diretor 'indie' no Festival do Rio

Para o americano Hal Hartley, o "orçamento é a estética". Um dos expoentes do cinema independente americano (ele prefere a expressão "cinema alternativo"), Hartley veio ao Brasil apresentar seu mais recente filme, "Ned Rifle", no Festival do Rio

Exibido nos festivais de Berlim e Toronto, o longa encerra uma trilogia que o diretor iniciou em 1997, com "As Confissões de Henry Fool".

No novo filme, Ned (Liam Aiken) quer se vingar do pai, Henry (Thomas Jay Ryan), por ter destruído a vida da mãe, Fay (Parker Posey), mas é atrapalhado por uma universitária misteriosa (Aubrey Plaza).

A trama de cada um dos filmes, explica Hartley, foi pinçada de notícias dos tempos em que foram produzidos.

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Aubrey Plaza e Liam Aiken em cena de 'Ned Rifle' ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Aubrey Plaza e Liam Aiken em cena de "Ned Rifle"

"As Confissões..." trata de direito autoral, numa época em que se popularizava a internet e o tema era debatido. O segundo, "Fay Grim" (2006), esbarra na histeria antiterrorista pós-11 de Setembro. Já "Ned" é protagonizado por um adolescente radicalmente religioso, como os dos rincões do país.

Este último foi bancado por uma campanha de financiamento coletivo, por meio da qual arrecadou quase US$ 400 mil (cerca de R$ 1,56 milhão).

"Essa é uma das diferenças entre o que era fazer cinema alternativo antes e hoje", diz Hartley à Folha. "Antigamente, você tinha que ter um distribuidor que conhecesse o público. Hoje, o diretor tem de carregar a função de dialogar com o público, e muitos não têm o talento para isso."

Já o nacional "Órfãos do Eldorado", de Guilherme Coelho, é inspirado na obra homônima do escritor amazonense Milton Hatoum. O longa narra a história de um homem (Daniel de Oliveira) obstinado por uma mulher misteriosa, algo lendária.

A espiral de loucura do personagem, que se embrenha rio abaixo no meio da selva, remete um pouco ao universo ensandecido de "Apocalypse Now" (1979), de Coppola.

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Dira Paes e Daniel de Oliveira em cena do filme 'Orfãos do Eldorado', de Guilherme Coelho ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Dira Paes e Daniel de Oliveira em cena do filme "Órfãos do Eldorado", de Guilherme Coelho

Oriundo dos documentários, Coelho diz que quis para sua primeira ficção uma narrativa mais "fantástica, fabular", e menos realista: entre memórias e cenas que beiram o sonho, não se sabe bem o que se passa dentro e fora da mente do personagem.

"O aspecto narrativo quem trabalha muito bem é a televisão. O cinema tem quer ser mais atmosférico, tem que ser um ensaio audiovisual de som, imagem, atuação", afirma o diretor carioca, descendente de paraenses.

NED RIFLE
QUANDO qua. (7), às 21h15
ONDE Estação Net Botafogo, r. Voluntários da Pátria, 88, Rio, tel. (21) 2226-1988
QUANTO R$ 19,50

ÓRFÃOS DO ELDORADO
QUANDO qua. (7), às 22h30
ONDE Cinépolis Lagoon, av. Borges de Medeiros, Rio, 1.424, tel. (21) 2512-3002
QUANTO R$ 20


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