Folha de S. Paulo


Com Ivete, Jorge & Mateus e Minions, festival reúne 48 mil em Goiânia

Poucos chapéus de cowboy e muitos abadás customizados (camisas que funcionam como identificação no evento) despontavam no último domingo (6) na quinta edição do festival sertanejo Villa Mix, que reuniu 48 mil pessoas no estacionamento do estádio Serra Dourada, em Goiânia.

Na capital do gênero no país, estrelas como Jorge & Mateus e Luan Santana dividiram, com o forrozeiro Wesley Safadão e a cantora Ivete Sangalo, o palco que entrou no "Guinness Book" como o maior do mundo.

A estrutura media 52,3 m de altura (o equivalente a um prédio de 17 andares). Desbancou a estrutura da turnê "360º", do U2, que rodou o mundo entre 2009 e 2011 e detinha o recorde até então.

Gabriela Sá Pessoa/Folhapress
Visão do palco do festival sertanejo Villa Mix, em GoiâniaGabriela Sá Pessoa/ Folhapress
Visão do palco do festival sertanejo Villa Mix, em Goiânia, da roda gigante

A notícia foi alardeada algumas vezes nos telões de LED durante o festival, em vinhetas exibidas entre um e outro show.

Nos intervalos, DJs destilavam música eletrônica, acompanhados por bailarinos vestidos com fantasias dos Minions (veja abaixo), heróis da Marvel e da dupla Minnie e Mickey Mouse.

Os personagens, no entanto, foram recebidos com pouco entusiasmo por quem pagou entre R$ 200 a R$ 1.800 pela festa.

SUPERLATIVO

A categoria mais cara (Backstage Golden Mix) oferecia bebida e comida liberadas, fora mimos como barbearia, massagem e um mini-salão de beleza onde as garotas podiam retocar a maquiagem (quase sempre, impecável). As filas de espera chegavam a cinco horas.

Carrinhos lotados de garrafas de champanhe, vodca Absolut e uísque Chivas, acompanhados por latinhas de energético, tentavam abrir espaço para circular pelo camarote, ao qual se chegava passando por túneis que ligavam a área privativa à frente do palco.

Assista

O espaço —forrado com carpete vermelho e adornado com lustres suntuosos— é comparável a uma festa de formatura, lotada de gente acotovelando-se para provar sushis, fatias de pizza e queijos.

A maioria das pessoas com quem a Folha conversou achava que os preços valiam a pena. Poucos ponderavam, como o publicitário brasiliense Luiz Augusto, que desembolsou cerca de R$ 700 em uma entrada para o Golden Mix comprada de segunda mão, "no impulso", na porta do evento.

"Se você for olhar, é um salário mínimo", disse Augusto. A remuneração básica no país, hoje, está em R$ 788. "Não é legal torrar essa grana. [O festival] é legal? É. Mas muito caro."

Embora altos, os preços do Villa Mix não diferem dos valores praticados pelos grandes festivais de música no país.

Para o Lollapalooza 2016, por exemplo, já estão à venda as entradas para o Lolla Lounge, o equivalente ao Golden Mix na festa importada. Somente o acesso ao camarote custa R$ 900 para os dois dias (12 e 13 de março), sem contar o valor do ingresso para os shows.

Há, porém, uma prática que distingue o Villa Mix de outros megaeventos musicais: cobrava-se mais caro de homens do que de mulheres —notadamente, a maioria no evento.

A justificativa, repetida por todas as pessoas com quem a reportagem conversou, era que homens "bebem mais do que mulheres". Por isso, seria justo que eles pagassem mais.

"Se for olhar, mulher consome bastante, também. Deveria ser igual", ponderava uma dentista goiana de 33 anos, que preferiu não se identificar, no cercadinho do Golden Mix em frente ao palco.

Procurada, a organização não se pronunciou sobre a diferença de preços até a publicação desta nota.

ESTRUTURA

Deixando-se o camarote rumo aos setores mais baratos, chamava a atenção as diferentes preferências do público.

No camarote, bolsas Chanel e relógios Rolex elegiam como favorito o show Wesley Safadão —apresentando-se depois de Luan Santana, sua mistura de forró, sertanejo e versões de funks entregou o público animado para Matheus & Kauan.

Caminhando rumo aos mais baratos (prime, em frente ao palco, e pista comum), os nomes mais citados eram os de Jorge & Mateus e Ivete Sangalo.

E, se no Golden Mix a sensação era de que a festa era segura, nos outros, a reportagem ouviu relatos de roubos, em que os suspeitos utilizavam spray de pimenta para render as vítimas —foram ao menos 20 atendimentos no posto médico ao longo do dia.

Buscar auxílio, aliás, não era uma tarefa assim tão fácil: nem os seguranças, nem os oficiais do Juizado Especial da Juventude (para coibir consumo de álcool por menores) ou mesmo os bombeiros civis não souberam dizer se havia uma base policial no local. A organização também não se pronunciou sobre a segurança até a publicação desta nota.

Em comum a todos os setores: o lixo, que se amontoava tanto no carpete vermelho Golden Mix como no asfalto dos setores mais baratos.

Nada que parecesse incomodar os festeiros, que seguiram madrugada adentro na megafesta sertaneja —quando as forças da reportagem acabaram, por volta das 2h de segunda (7), o Villa Mix ainda estava cheio e Ivete Sangalo, no meio do show. Depois dela, ainda se apresentariam as duplas Bruninho & Davi e Humberto & Ronaldo.

EM SÃO PAULO

Autoproclamado o "maior festival sertanejo do mundo", o Villa Mix, nascido em Goiânia, rodou 25 cidades brasileiras em 2015.

A festa chega a São Paulo —com estrutura menor do que a goiana— no dia 19, na Arena Anhembi. Na programação, sai Ivete Sangalo e entram Bruno & Marrone. Os ingressos custam de R$ 240 a R$ 1.000 (também mais caro para homens, no Golden Mix).

Haverá edições também em Londrina, no sábado (12) e em São José do Rio Preto, em 3 de outubro.

A jornalista GABRIELA SÁ PESSOA viajou a convite do festival Villa Mix


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