Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Ainda em formação, grupo Dônica ganha fama precoce e imerecida

Os avanços tecnológicos facilitam cada vez mais a produção e a divulgação de filmes, livros e, principalmente, música. Iniciativas caseiras podem ser apresentadas como trabalhos acabados, para o grande público. Daí o surgimento de muitos artistas que queimam etapas e chegam a uma exposição precoce e perigosa, até cruel.

É o caso da banda Dônica, que, mesmo sem ter sido ouvida por muita gente, ganha espaço na mídia e vaga no cast do próximo Rock in Rio.

Dônica segue essa trilha embalada por um álbum de estreia com participação de Milton Nascimento numa faixa e a curiosidade das pessoas que desejam conhecer a banda do filho caçula de Caetano Veloso, Tom.

Ou seja, a exposição precoce está potencializada pelos laços sanguíneos. E o jovem quinteto não merecia ter o álbum "Continuidade dos Parques" levado tão a sério, não deveria disputar mercado.

Marcos Pinto/UOL
RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL - 10/12/2014 – Banda Donica em sessao de fotos na sede da gravadora. Miguima, Jose Ybarra, Lucas Nunes, Andre Almeida e Tom Veloso (filho de Caetano). (Foto: Marcos Pinto/UOL).******EMBARGADO PARA USO EM INTERNET******* ATENCAO: PROIBIDO PUBLICAR SEM AUTORIZACAO DO UOL
Miguel, Zé Ibarra, André, Tom (óculos) e Lucas (abaixado)

A banda talvez não seja ruim, apenas ainda não conseguiu depurar seu som. Uns indícios de inventividade podem ser pinçados nas músicas. Há muita pretensão nos arranjos. Na tentativa de criar algo complexo, às vezes parece que cada integrante está tocando uma música diferente.

A banda tem Zé Ibarra (vocal e teclado), Lucas Nunes (guitarra), André Almeida (bateria), Miguel Guimarães (baixo) e Tom Veloso (violão). A atuação de Tom é peculiar. Principal compositor –nove das 11 faixas têm sua assinatura, sozinho ou em parcerias–, ele não participa dos shows. No palco, Dônica é quarteto, com Tom na plateia.

A juventude pode render, antes da audição, comparações com A Cor do Som e Barão Vermelho, bandas de garotos cheios de amor pra dar que emergiram no pop nacional. Mas os músicos da Dônica não têm ainda a técnica virtuosa da Cor e nenhum deles é um dínamo como Cazuza.

O álbum tem uma faixa bem boa, "Macaco no Caiaque". Letra divertida, a proposta de fazer dançar e a voz de Ibarra rendendo mais num modo de cantar meio falado. Se o disco todo se aproximasse disso, seria bem mais promissor.

CONTINUIDADE DOS PARQUES
ARTISTA: DÔNICA
GRAVADORA: SONY MUSIC
QUANTO: R$ 25

TRÊS CANÇÕES DA DÔNICA

1) Casa 180

Casa 180

2) Macaco no Caiaque

Macaco no Caiaque

3) Pintor (com Milton Nascimento)

Pintor


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