Folha de S. Paulo


Onipresente na festa, James Franco agora dirige dois filmes

Ator, diretor, produtor, artista visual, professor, tuiteiro e selfie-maníaco, o multitarefa James Franco ainda encontra tempo para circular pelo mundo e promover seus filmes nos festivais de cinema. Mas ainda não havia cumprido a façanha de participar de um mesmo evento como protagonista de três filmes.

O feito se deu no Festival de Berlim, que se encerrou no último sábado (14), onde Franco apresentou "Queen of the Desert", de Werner Herzog, "Every Thing Will Be Fine", de Wim Wenders, e "I Am Michael", de Justin Kelly.

Os três personagens não podiam ser mais diferentes. Em "Queen of the Desert", Franco vive o arqueólogo Henry Cadogan, grande paixão da vida de Gertrude Bell (Nicole Kidman). Em "Every Thing Will Be Fine", interpreta o escritor Tomas Eldans, que tem a vida profundamente abalada depois de atropelar uma criança. E em "I Am Michael", vive um militante gay que se torna pastor homofóbico.

Divulgação
James Franco em cena de
James Franco em cena de "Every Thing Will Be Fine"

Atualmente, Franco trabalha na pós-produção de "Zeroville", que reconstitui Hollywood em 1969, e "In Dubious Battle", adaptação do romance de John Steinbeck. Em ambos, dirige e atua.

COINCIDÊNCIA

A participação em filmes de Herzog e Wenders, dois "gigantes do cinema alemão", nas palavras do ator, foi "uma coincidência genial". "Considero esse um momento muito especial de minha carreira. Herzog é cheio de si e mais agressivo, Wenders tem um estilo mais doce. E os dois têm um forte senso visual, sabem enquadrar uma imagem como poucos", contou Franco, em entrevista à Folha.

Mas o xodó do ator é "I Am Michael", no qual também assina a produção. O filme narra a bizarra trajetória de Michael Glatze, militante gay em San Francisco que se tornou pastor, dizendo-se ex-gay. A ideia partiu de Gus Van Sant, com quem Franco trabalhou em "Milk".

"Gus leu um artigo da 'New York Magazine' chamado 'Meu amigo ex-gay' e me ligou. Eu não sabia se seria possível desenvolver uma narrativa que vai na direção oposta ao que seria de se esperar. Mas Gus me convenceu."

Para Franco, "I Am Michael" joga nova luz sobre a questão da identidade. "Uma trajetória tão fora do esperado nos faz pensar sobre aquilo que faz o que somos. Desde o começo optamos por não fazer julgamentos e apresentar todos os lados da questão de forma equilibrada."

Inicialmente relutante, o verdadeiro Michael Glatze apareceu na primeira sessão do filme, no Festival Sundance, e aprovou o resultado. "Ter acompanhado a produção, ainda que à distância, contribuiu para que ele voltasse atrás em relação aos seus pontos de vista mais extremos. O filme teve um efeito positivo nele", acredita Franco.

Enquanto isso, tenta terminar seu doutorado em literatura, na Universidade de Yale. "Dei uma parada, mas vou retomar neste ano", promete.


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