Folha de S. Paulo


Semana de moda de NY recebe invasão asiática

Não é apenas da costura americana que vive a semana de moda de Nova York. Nesta temporada de inverno 2016, ao menos 30 grifes asiáticas irão desfilar no prédio do Lincoln Center até a próxima quinta (19), quando termina o evento fashion mais importante dos EUA.

Esta é a maior participação de estilistas nascidos na Ásia ou com ascendência oriental da história da semana de moda nova-iorquina. Para se ter uma ideia do peso desta novidade em um calendário de desfiles, cerca de 30 marcas compõem uma temporada inteira da São Paulo Fashion Week -o evento americano comporta, em média, 80 desfiles.

Os motivos dessa invasão de estilistas orientais na passarela americana se deve ao número cada vez maior de imigrantes asiáticos vivendo em Nova York -estima-se que sejam mais de 1 milhão em Manhattan- e a boa recepção do evento a novos nomes, algo difícil de acontecer em semanas de moda conservadoras como as de Milão e de Paris.

OBAMA

Nova York também abriga marcas importantes de designers como Alexander Wang, filho de pais taiwaneses e diretor criativo da Balenciaga, e Jason Wu, taiwanês à frente da Hugo Boss e queridinho da primeira-dama Michelle Obama.

"Os nova-iorquinos se interessam por novidades e querem conhecer nosso ponto de vista sobre moda", diz o estilista Nelson Leung. "Além disso, o mercado aqui está aquecido e o desfile possibilita que designers desenvolvam suas marcas para um público consumidor atento à moda", completa.

Sua marca, a Nelsonblackle, de Hong Kong, desfilou no último sábado (14) dentro do projeto Asia Fashion Collection, incubadora de cinco marcas de estilistas asiáticos patrocinada por organizações que apoiam negócios criativos para a juventude.

FLORA

Além de Leung, desfilaram as grifes Noirer e Zokuzokub, consideradas promissoras na Ásia. A primeira mostrou uma coleção focada em variações de preto, mesclando alfaiataria e moda esportiva.

Já a Zokuzokub pescou na flora asiática e em ilustrações do período Edo as estampas de sua coleção romântica.

"Temos uma outra forma de pensar a roupa. Nossa cultura é muito diferente da ocidental e isso é reproduzido na criação de moda. É uma troca interessante tanto para nós quanto para os americanos", afirma um porta-voz da Vantan Design Institute, escola de moda japonesa que trouxe os estilistas para Nova York.

O número alto de designers orientais nessa temporada se deve também ao projeto Tokyo Meets New York.

No último dia do evento, sete marcas pequenas da capital japonesa desfilarão em Nova York com ajuda do governo nipônico.

Tóquio é uma metrópole que serve como grande inspiração para estilistas ocidentais que tentam reproduzir a indumentária oriental em suas coleções.

Mas é lá também onde, agora, após três décadas do movimento de estilistas japoneses para a Europa, encabeçado por Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto, renasce uma efervescente cena de moda, colorida e com imagens divertidas.


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