Folha de S. Paulo


Servidores da Biblioteca Nacional fazem paralisação por conta do calor

A sede da Biblioteca Nacional, no Rio, amanheceu fechada ao público nesta terça-feira (27), por conta de uma paralisação de 24h dos servidores, que reclamam das altas temperaturas e dizem que o acervo corre risco.

Por volta do meio-dia, cinco servidores faziam piquete na entrada da biblioteca, com faixas com dizeres como "um dia a casa cai" e "patrimônio em risco".

Ricardo Borges/Folhapress
Paralisação dos servidores da Biblioteca Nacional, que alegam que o acervo corre perigo devido as altas temperaturas
Paralisação dos servidores da Biblioteca Nacional, que alegam que o acervo corre perigo devido as altas temperaturas

Também distribuíam um panfleto no qual pediam desculpas pelo transtorno e afirmavam que "essa luta é em benefício da preservação do acervo, por condições dignas de trabalho e pela segurança do servidor e do pesquisador/visitante".

"Documentos e obras de valor inestimável sofrem expostos a altas temperaturas!", diz outro trecho do panfleto.

APARELHOS ANTIGOS
A paralisação de 24h foi decidida pelos funcionários em assembleia na última quinta-feira (22). A Biblioteca Nacional tem 59 aparelhos de ar condicionado grandes e antigos – segundo a atual gestão, foram instalados entre as décadas de 1970 e 1980 –, com um histórico de mal funcionamento.

"Os aparelhos estão funcionando com capacidade de 70%, vários lugares estão frios. O problema é a idade dos aparelhos, que estão obsoletos há pelo menos 20 anos", disse Ângela Fatorelli, chefe de gabinete de Renato Lessa, atual presidente da biblioteca.

A reforma de 2013 no ar refrigerado, licitada na gestão de Galeno Amorim e executada pouco depois de Lessa assumir o cargo, em meados de 2013, foi pensada como solução temporária, enquanto não se instalava um sistema novo. Na ocasião, foram recuperados 49 aparelhos.

"No início da gestão, recuperamos [os aparelhos antigos], mas estão a 70%. Todos os laboratórios estão mais do que frios, os salões de leitura estão frios. Em algumas salas eles estão funcionando perfeitamente, mas, em relação à casa inteira, os aparelhos são obsoletos e está fazendo 50ºC."

LICITAÇÃO
Em 2013, Lessa informou a Folha de que o projeto para a implantação do sistema definitivo seria contratado ainda naquele ano. Agora, a FBN diz que a licitação para a parte elétrica será aberta nesta quarta (28).

"Amanhã [quarta] vamos realizar a licitação da parte elétrica, que é condição necessária para a atualização do sistema. Se tudo der certo, em 45 dias teremos um vencedor e aí começam as obras", disse Fatorelli.

Segundo ela, os recursos para a obra na parte elétrica (R$ 8 milhões) foram liberados na última segunda (26). "Quando o Renato chegou aqui, não havia projeto para a parte elétrica, tivemos de fazer um, submeter ao Iphan e conseguimos ontem a liberação de R$ 8 milhões. Depois vamos ter de fazer as obras civis e, depois, a aquisição dos novos aparelhos. Todo esse processo pode levar até três anos."

A direção da casa questiona as afirmações dos servidores de que as obras raras estariam em risco por conta do calor.

"A biblioteca só passou a ter ar condicionado nos anos 1970, então todos os documentos ficaram sem ar condicionado até então. Não dá para dizer que os livros estão em risco, temos o aval do setor de restauração."


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