Folha de S. Paulo


Como trator rock'n'roll, Foo Fighters deve dar aula de música em SP

Mesmo se alguma das 67 mil pessoas que devem assistir ao show do Foo Fighters na noite desta sexta (23) no Morumbi não for fã de carteirinha da banda, ela será obrigada a admitir que está diante de um show de rock dos sonhos.

O grupo não agrada porque seu líder Dave Grohl foi baterista do mítico Nirvana. Nem porque o Foo Fighters traga alguma inovação a esse gênero musical quase sessentão.

A razão do encantamento é que a banda faz tudo direito no palco. Um show empolgante, sem firulas, emendando uma música na outra. Só rock bem tocado. E tocado com fúria.

Na abertura da turnê brasileira, as 30 mil pessoas que lotaram o estacionamento da Fiergs, em Porto Alegre, na última quarta (21), puderam comprovar a força do grupo.

Já na terceira música das 26 que mostrariam nas três horas de show, tocaram o hit "Learn to Fly" de um forma incendiária. O que parecia o gran finale de uma noite consagradora, era apenas o aquecimento.

Natalia Espina - 15.jan.2015/Efe
Dave Grohl, líder do Foo Fighters, durante show em Santiago, no Chile, na última semana
Dave Grohl, líder do Foo Fighters, durante show em Santiago, no Chile, na última semana

Grohl anunciou logo no começo que eles apresentariam faixas de todos os álbuns lançados. Cumpriram a promessa.

Houve uma grande mudança. O primeiro disco, "Foo Fighters", de 1995, tinha Grohl tocando quase tudo e gravando ainda sob o impacto da morte de Kurt Cobain no ano anterior, que deu fim ao Nirvana.

Já o álbum mais recente, "Sonic Highways", lançado no ano passado, é fruto de um projeto longo e ambicioso, com o Foo Fighters gravando em oito cidades americanas para trabalhar ritmos musicais de todo o país. Tudo documentado em uma série para a TV dirigida pelo próprio Grohl.

Ao vivo, as canções desses álbuns separados por quase duas décadas se alinham com harmonia, porque o som da banda tem um pouco de tudo isso. Rock, blues pesado, passagens de jazz entre baixo e bateria, folk e country.

INTENSIDADE

Quando Grohl introduziu "Congregation", gravada em Nashville, ele disse que todos deveriam visitar essa capital da música country um dia.

"Vocês sabem o que é música country?", ele perguntou. Então a banda improvisou uma festiva música de caubói. Quando as pessoas começaram a dançar, Grohl cortou o embalo. "Parem, não é essa que vamos tocar!"

Essa canção mais recente foi recebida pelos fãs com o mesmo entusiasmo que eles dedicaram a sucessos como "Generator" ou "My Hero".

Tudo é tão intenso na performance da banda que cada número parece saído de um álbum "greatest hits". Grohl é o dínamo que vai puxando os outros. E quem responde melhor é o baterista Taylor Hawkins. Além de martelar os tambores, ele atua com destaque no bloco de covers do show.

É quando a banda vai para um palco bem pequeno, no meio do público, que os músicos acessam por uma passarela acima dos fãs. Grohl foi primeiro, começando a canção "Times Like These" ao violão, grande sucesso do grupo.

Aí, todos juntos, tocaram "Detroit Rock City", do Kiss, "Miss You", dos Rolling Stones, "Tie Your Mother Down", do Queen (esta com Grohl na bateria e Hawkins cantando), e "Under Pressure", com Grohl e Hawkins refazendo o dueto de Freddie Mercury e David Bowie da gravação original.

As versões foram ótimas, com as qualidades de cada canção turbinada pelo estilo intempestivo do Foo Fighters.

A banda tocou anteriormente no Brasil –no Rock in Rio 2001 e no Lollapalooza 2012–, mas seu primeiro show próprio no país superou todas as expectativas. Foi uma verdadeira aula de rock, que ofuscou a maior atração de abertura da noite, os britânicos do Kaiser Chiefs.

Nesta sexta, os paulistanos vão ver antes Raimundos e Kaiser Chiefs. Que toquem pesado, porque depois deles um trator de ótimo rock and roll vai passar pelo palco.

FOO FIGHTERS
QUANDO sex. (23), Raimundos às 18h55, Kaiser Chiefs às 19h50 e Foo Fighters às 21h15 (portões abrem às 16h), em SP; dom. (25), às 20h, no Rio; qua. (28), às 21h, em Belo Horizonte
ONDE Estádio do Morumbi em SP; Estádio do Maracanã no Rio; Esplanada do Mineirão em BH
QUANTO R$ 350 em SP; de R$ 200 a R$ 500 no Rio; de R$ 300 a R$ 600 em Belo Horizonte
CLASSIFICAÇÃO 16 anos (de 10 a 15 anos acompanhado)
> O show em SP terá transmissão on-line pelo site facebook.com/skylivebr. No dom. (25), o canal pago Multishow exibe o show do Rio ao vivo, às 21h15.

Editoria de Arte/Folhapress

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