O ano era 1977 e o recém-formado The Clash estava prestes a estourar.
O então estudante de cinema Julien Temple decide assistir ao show de ano novo do grupo, em 1º de janeiro daquele ano, na casa The Roxy, em Londres. Ele liga a câmera e registra a primeira performance ao vivo de "I'm So Bored with the USA".
O material integra o documentário "The Clash: New Year's Day '77", inédito até a última quinta-feira (1º), quando o canal inglês BBC Four exibiu o filme pela primeira vez.
"Eu realmente não sei explicar porque levei tanto tempo para fazer algo com esse material. Acho que esta pode ser uma das últimas raridades do punk", afirmou Temple à BBC.
O cineasta se notabilizou por dirigir documentários sobre música, como "O Lixo e A Fúria", que retrata a trajetória do Sex Pistols.
No documentário, é possível ver cenas do cotidiano da Londres de 1977 que ajudam a contextualizar a época em que o The Clash virou um fenômeno para a juventude.
Há ainda entrevistas com Joe Strummer, vocalista da banda, em que ele fala sobre as expectativas que tinha para aquele ano que, segundo a definição da BBC, foi o "ano miraculoso do punk".
Revelar esse vídeo quase 40 anos depois das filmagens não é desperta nostalgia no diretor –esse sentimento, a propósito, é a última de suas intenções.
"Acho que [o filme] é sobre o futuro, não sobre o passado. O punk, em algum sentido, é um desafio ainda a ser compreendido. A energia do punk é muito necessária agora", disse Temple à BBC.