Folha de S. Paulo


Crítica: Falhas de 'Sétimo' são escondidas por carisma de Darín

Suspense protagonizado pelo onipresente Ricardo Darín, "Sétimo", segundo longa do diretor catalão Patxi Amezcua, é mais uma amostra do artesanato eficiente do cinema comercial argentino.

Pouco antes de uma importante audiência, um advogado criminalista em processo de separação vai buscar os filhos –uma menina e um menino pré-adolescentes– no apartamento da ex-mulher para levá-los à escola.

Ali, no sétimo andar de um prédio em Buenos Aires, vemos ecos do que os levou à separação. Percebemos que foi dela a iniciativa. Ficamos sabendo que ele defende gente de índole duvidosa e que isso era motivo de conflito.

Divulgação
Ricardo Darín em cena do filme 'Sétimo'
Ricardo Darín em cena do filme 'Sétimo'

Durante uma brincadeira que pai e filhos realizam com frequência, uma corrida para ver quem chega primeiro ao térreo, os filhos, que desceriam de escada, desaparecem dentro do prédio onde moram sem deixar pistas.

Os vizinhos parecem pouco entusiasmados na ajuda, e o porteiro, desde o início, é mostrado como um dos principais suspeitos. Seria cúmplice de algo? O que, de fato, aconteceu? Há uma trama maior por trás desse desaparecimento?

As perguntas se sucedem, como é regra nos melhores suspenses. Acompanhamos um personagem completamente perdido numa situação que lhe tira o chão.

REPETIÇÕES

Trata-se da quebra de acontecimentos corriqueiros. Levar os filhos à escola, uma corrida rumo ao térreo ("brincamos mil vezes disso", diz o pai), uma senhora que estaciona sempre no lugar errado na garagem do prédio, um comprimido que se deve tomar, são diversas as situações que se repetem dia a dia.

E a repetição de procedimentos, pensamos, proporciona o sequestro dos filhos, da mesma maneira que a solução do mistério acontece pela observação de algo que deve ser repetido, e que convém não adiantar aqui.

O filme tem problemas. Um deles é que a resolução da trama se torna previsível com mais ou menos meia hora de projeção. No aspecto formal, o filme adere, por vezes, à preguiçosa tendência contemporânea de não se preocupar muito com a câmera, com as diversas distâncias que envolvem a representação e o espaço filmado.

Existe, contudo, Ricardo Darín, que faz com que nos interessemos por cada escolha de seu personagem, cada movimento que possa fazer.

De seu carisma depende boa parte do sucesso do cinema argentino recente, e é ele quem faz de "Sétimo" uma obra a que vemos sem enfado.

SÉTIMO
(Séptimo)
DIREÇÃO Patxi Amezcua
ELENCO Ricardo Darín, Belén Rueda
PRODUÇÃO Argentina/Espanha, 2013, 12 anos
AVALIAÇÃO bom


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