Folha de S. Paulo


Nelson Motta chega aos 70 anos com livro sobre sua trajetória no jornalismo

Jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical, dono de boate. Impossível reduzir a uma só palavra a trajetória de Nelson Motta, autor de sucessos como a música de abertura da novela "Dancin' Days", das Frenéticas, "Como uma Onda", com Lulu Santos, ou ainda "Vale Tudo", biografia de Tim Maia, que vendeu mais de 300 mil cópias.

A história musical brasileira das últimas cinco décadas não poderia ser contada sem o protagonismo deste paulistano adotado pelo Rio, que vive em um apartamento em Ipanema, com vista para o mar.

Nelson Motta completa 70 anos na quarta (29), e uma série de lançamentos está prevista para comemorar a data. Destaque para o livro "As Sete Vidas de Nelson Motta", em que ele revisita a sua carreira.

"A primeira sensação que tenho é de privilégio. Chegar inteiro aos 70, em plena atividade, é uma façanha", diz. "A coisa que mais detesto é nostalgia. Entreguei-me a tudo com grande intensidade, de maneira que acabo não tendo saudade de nada", avalia ele, que está preparando um musical sobre Wilson Simonal para 2015.

Cecilia Acioli/Folhapress
Nelson Motta em seu apartamento em Ipanema, na zona sul do Rio
Nelson Motta em seu apartamento em Ipanema, na zona sul do Rio

No livro, Motta tem histórias para contar sobre o convívio com o jornalista Samuel Wainer no extinto diário "Última Hora", à frente da coluna Poder Jovem, aos 23 anos, dedicada à descoberta de talentos, coisa que de uma forma ou outra ele faria pelo resto da vida.

Outros pontos altos do livro são os encontros com Paulo Francis no programa "Manhattan Connection", e o privilégio de acompanhar os bastidores da turnê dos Rolling Stones pela Europa nos anos 80.

O livro mescla textos originais a uma seleção de reportagens, crônicas e perfis assinados nos principais jornais do país, entre os quais a Folha, trazendo à tona a atmosfera do Rio, da bossa nova e dos festivais de MPB, universo que narrou também em "Noites Tropicais" (2000).

Motta vê, porém, a cena atual da MPB com menos entusiasmo. "A MPB atingiu seu teto. E perdeu a importância, a transcendência e a ambição do anos 60."

TRIBUTO MUSICAL

Outro lançamento é o CD "Nelson 70", com letras de Motta e parceiros em novas versões (leia crítica ao lado).

Coube a Lenine, Ed Motta, Gaby Amarantos, Fernanda Takai e o uruguaio Jorge Drexler –"Brinco que é a maior revelação da MPB hoje"–, entre outros, interpretar hits como "Certas Coisas" e "De Repente Califórnia". Há ainda a inédita "Parece Mentira", na voz de Marisa Monte, com João Donato ao piano.

Não bastassem o livro e o CD, o Canal Brasil exibirá uma série de oito episódios, toda em preto e branco, contando a história de Motta.

E, completando as comemorações, a quarta edição do festival Sonoridades, com curadoria do próprio artista, ocorre em novembro, no Rio. Subirão ao palco Alice Caymmi, 24, que é neta de Dorival e destaque no circuito independente, acompanhada de Hélio Flanders, da banda Vanguart, e do lendário hitmaker Michael Sullivan.

AS SETE VIDAS DE NELSON MOTTA
AUTOR Nelson Motta
EDITORA Foz
QUANTO R$ 39,90 (224 págs.)


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