É possível referir-se ao cantor e apresentador brasileiro Ronnie Von, 70, de várias maneiras: Pequeno Príncipe, Pobre Menino Rico, Mãe de Gravata, cadete da Aeronáutica, economista desapaixonado, encantado pelas tantas "bonitinhas" que passaram por sua vida.
Nasceu Ronaldo Nogueira em Niterói (RJ), aos 34 minutos do canceriano 17 de julho de 1944.
Adulto, "roubou" nomes da segunda mulher do avô e passou a ser Ronaldo Lindenberg Von Schilgen Cintra Nogueira. Depois, simplesmente Ronnie Von, recém-biografado por Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel em "O Príncipe que Podia Ser Rei".
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Da amiga Hebe Camargo (1929-2012), ganhou o apelido de Pequeno Príncipe. Brigaram mais tarde e passaram 20 anos sem se falar. Hebe encasquetou: ele espalhara que ela trocaria a Bandeirantes pelo SBT. "Uma bobagem..."
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Ronnie Von |
Luiz César Pimentel, Antonio Guerreiro |
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Do amigo Gustavo Rosa (1946-2013), virou "muso". O artista plástico fez obras em sua homenagem. Uma delas está em seu casarão no Morumbi, perto de um Picasso e de um Portinari e próxima ao quintal onde cria as galinhas Cher e Shirley Temple ("anã") e os galos Obama e Neymar.
Para a amiga Rita Lee, deu o nome da banda Mutantes. Não parava de tagarelar sobre o livro "O Império dos Mutantes", que misturava uma colônia em Vênus e clones. "Liguei pra Ritinha, ela delirou."
Em 1966, Rita e os irmãos Baptista tocaram pela primeira vez na TV -um rock com a "Marcha Turca" de Mozart, na estreia de "O Pequeno Mundo de Ronnie Von" (Record).
Contra o amigo e rival Roberto Carlos, disputou o posto de "O Queridinho do Brasil" nos anos 1960. Roberto Carlos teria mexido pauzinhos para que convidados do "Jovem Guarda", seu programa na Record, não fossem ao reinado do galã concorrente. E teria desabafado na música: "Querem acabar comigo/ Isso eu não vou deixar".
Ronnie já era pop quando Carlos Imperial (1935-1992) compôs para ele "A Praça". "Vendeu mais discos do que aparelhos para tocar discos", ele reconhece, apesar de nunca ter caído de amores pelo hit. "Marcha-rancho não é rock 'n' roll..."
O Príncipe jura nunca ter ficado doidão. Mas diz que a fase lisérgica do disco "A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais" (1969) é única coisa que fez na música e realmente gostou.
"Disseram que era louco, jogava dinheiro da gravadora fora", diz, em entrevista em sua biblioteca, onde tem surrealistas como Salvador Dalí.
Ronnie fumava cachimbo e alisava o cavanhaque ao lado do primeiro grande amor, Aretuza. Na ditadura, os dois frequentavam grupos revolucionários, que hoje Ronnie chama de esquerdas escocesa ("só bebe uísque 12 anos") e francesa ("champanhe Dom Pérignon").
Era esquentado. Certa vez, foi preso após dar uma voadora num rapaz que o chamou de "bichona" num show.
Com "alma feminina", hoje se diz feliz como apresentador do "Todo Seu", na TV Gazeta desde 2004, e ao lado da mulher, Kika, "amada, idolatrada, salve, salve".
O PRÍNCIPE QUE PODIA SER REI
AUTORES Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel
EDITORA Planeta
QUANTO R$ 34,90 (158 págs.)