Morreu nesta quarta (21) o arquiteto João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé, aos 82 anos, em Salvador, às 12h10. Ele estava internado no hospital Sarah Kubitschek, projetado por ele.
Lelé tinha câncer de próstata. O corpo será velado nesta quinta (22), a partir das 7h, na capela da Igreja Ascensão do Senhor, no CAB (Centro Administrativo da Bahia), na capital baiana, espaço também projetado por ele.
Depois, o corpo será transladado para Brasília, onde haverá outro velório, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, a partir das 17h, com acesso pela rampa principal do Congresso Nacional.
O enterro acontecerá na sexta (23), na ala reservada aos pioneiros de Brasília, no cemitério Campo da Esperança, às 10h.
Participante ativo na construção de Brasília, Lelé chegou ao Planalto Central em 1957 e atuou, junto com Darcy Ribeiro (1922-1997) e Oscar Niemeyer (1907-2012), na implantação da UnB (Universidade de Brasília).
Nos anos que se seguiram, criou ou esteve ligado a diferentes entidades de pesquisa, projeto e fabricação (tais como a Fábrica de Equipamentos Comunitários e o Centro de Tecnologia da Rede Sarah, em Salvador, ou o instituto Habitat, que presidiu). Para o poder público —especialmente na cidade de Salvador—, projetou escolas, abrigos, passarelas e prédios administrativos.
Sua obra foi marcada pelo uso extensivo de pré-fabricados em concreto e, posteriormente, em argamassa armada. O prédio da prefeitura de Salvador, por exemplo, foi erguido em 14 dias.
A convite de Niemeyer, projetou o hospital de Taguatinga, em Brasília, o primeiro de uma série que fez de Lelé um dos maiores nomes da arquitetura hospitalar —ele projetou todas as unidades da rede Sarah, presentes em sete Estados e no Distrito Federal.
Sua arquitetura integrava tecnologias em busca de uma beleza funcional. Por influência de Niemeyer, de quem dizia ter herdado conceitos de espaço, o arquiteto também enfatizou as curvas em seus hospitais. São estruturas metálicas que, mesmo montadas a partir de peças distintas, dão sensação de movimento contínuo às obras.
Retratos de obras de Lelé estarão expostas na próxima Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa no dia 7 de junho. Ele deixa três filhas e três netos.