Folha de S. Paulo


Comentários de Sheherazade são proibidos pelo SBT

A apresentadora Rachel Sheherazade, do "SBT Brasil", não poderá mais emitir opinião no telejornal, segundo nota divulgada pelo SBT.

A âncora voltou na segunda-feira (14) de férias, depois de ter negado rumores de que fora afastada da emissora por causa da polêmica em que se envolveu em fevereiro.

Na ocasião, ela defendeu a a ação de um grupo que amarrou um assaltante a um poste. Também convocou quem fosse crítico daquela atitude a "adotar um bandido".

A decisão do SBT de impedir comentários opinativos vale para todos os jornalistas. Foi tomada em decorrência "do atual cenário" em torno da apresentadora, diz a nota.

"Essa medida tem como objetivo preservar nossos apresentadores Rachel Sheherazade e Joseval Peixoto, que continuam no comando do 'SBT Brasil'", diz o texto.

Comentários nos telejornais serão feitos apenas em editoriais, que serão identificados com uma tarja na tela.

Ao apresentar uma reportagem sobre um assalto na edição de segunda-feira do telejornal, Sheherazade disse que a cena era "revoltante". Não fez mais comentários.

A Folha apurou que ela foi surpreendida por uma reunião com a direção da emissora na tarde de segunda.

A âncora reclamava aos colegas que se sentia pressionada, e que não sabia sobre o que poderia opinar ou não.

Durante as férias dela, a direção da emissora decidiu que a funcionária deveria parar de dar sua opinião.

Em entrevista à Folha na semana passada, a apresentadora disse que havia "pressão política muito forte" para que fosse calada.

O PSOL e o PCdoB moveram representações contra Sheherazade na Procuradoria-Geral da República.

"É clara a tentativa de censura por meio de intimidação. Não é possível que, em plena democracia, a mordaça prevaleça sobre a liberdade de expressão", disse ela.

A reportagem procurou Sheherazade por meio da assessoria do SBT. Segundo o canal, ela estava ocupada.


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