Quando o apresentador Conan O'Brien subir ao palco do Nokia Theatre, em Los Angeles, no próximo dia 13, para a cerimônia do MTV Movie Awards, premiação de cinema do canal de televisão americano, terá ajuda de um grupo nada convencional.
O Our2ndLife (ou O2L, "nossa segunda vida", em inglês) consiste em seis garotos, todos com idades entre 15 e 22, que publicam vídeos no YouTube diariamente para falar de assuntos aleatórios.
A cada semana, eles escolhem um tema (exemplo: tecnologia), e cada um faz e edita um vídeo falando sobre o que quiser (exemplos: como mandar um SMS pro carinha de que você está a fim; você é viciado em internet?).
Sim. É simples assim. Os garotos do O2L não cantam nem dançam nem sapateiam, nada disso. Eles são "vloggers", o que significa que, na maior parte das vezes, eles só ficam em frente à câmera e falam. Isto é, só agem como garotos de suas idades, são bonitinhos e às vezes, engraçados.
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| O coletivo O2L (Our Second Life), grupo de meninos adolescentes que fazem sucesso no YouTube |
"A ideia é pegar celebridades da internet e trazê-las para o nosso mundo. Assim, ganhamos uma voz autêntica, de caras que estão empolgados com nossa programação e também levam isso pro público deles", disse Colin Helms, vice-presidente de conteúdo conectado da MTV, à revista "Variety".
Pode parecer banal, mas em um ano e meio de existência, o O2L se tornou uma das marcas mais poderosos da internet —a ponto de eles ficarem conhecidos como o "One Direction do YouTube". Seus vídeos já foram vistos mais de 160 milhões de vezes. Isso sem falar nos números dos canais individuais de cada um.
Sim, porque antes de formarem o O2L, todos os garotos eram vloggers independentes, cada um com seu próprio canal. Eles moravam em cidades diferentes, e se conheceram através da internet.
No YouTube, esse tipo de parceria é chamada de "colaboração", e é a forma mais fácil de aumentar o seu alcance na rede e, consequentemente, seus ganhos. Somente com anúncios no site, um canal desse porte chega a faturar cerca de US$ 1 milhão por ano (cerca de R$ 2,21 milhões).
O que começou como uma brincadeira hoje virou emprego, e os garotos se mudaram para Los Angeles. "Nossos pais achavam meio estranho o que nós fazíamos, mas hoje em dia eles entenderam que é importante e nos apoiam", diz Connor Franta, 21, o mais popular da trupe —ele tem até a sua própria expressão, imitada pelos fãs ("frantastic", um trocadilho com seu sobrenome e a palavra fantástico em inglês).
Seus colegas são Ricky Dillon, J.C. Caylen, Trevor Moran, Sam Pottorff e Kian Lawley.
A mudança para LA tem a ver com projetos futuros —alguns deles, já em andamento, mas ainda secretos— de levar o grupo para além da internet, para a televisão, por exemplo.
A programação para a premiação da MTV ainda não está completamente definida, mas ele adianta algumas coisas. "Vão ter uns esquetes pré-gravados que vão ao ar antes e durante o programa, e também vamos fazer entrevistas no tapete vermelho", diz. "Vamos demonstrar todos os nossos talentos", afirma, com certo tom de ironia.
Que talentos? "Não sei. Essa é uma conversa que temos frequentemente. Quando começamos, fizemos algumas aulas de improviso pra ver se despertávamos nossa veia cômica. Não sei dizer se funcionou ou não (risos)", conta.
Aparentemente, sim. O sucesso do O2L na rede é tanto que eles já vendem merchandise (camisetas, pôsteres, gorrinhos, pulseiras) e vão começar no mês que vem (maio) a sua primeira turnê —serão ao menos 18 shows pelos Estados Unidos e Canadá, a maioria já com ingressos esgotados.
Em março, o grupo participou do festival de cultura digital Playlist Live, que aconteceu em Orlando, na Flórida, quando 2 mil meninas —inclusive brasileiras, segundo Franta— fizeram fila para vê-los.
Nos Estados Unidos, eles são reconhecidos na rua com frequência. "É engraçado, isso tem acontecido com cada vez mais frequência", diz Franta.
Ele diz que o grupo ainda não pensa em planos futuros. "Vamos continuar fazendo vídeos, e explorando outras plataformas além da internet. Não há casos de gente que ficou famosa assim antes da gente, então é difícil prever o que vai acontecer. Temos que esperar e ver por nós mesmos."