Folha de S. Paulo


Nova cara do cinema brasileiro, Irandhir Santos pensa em fazer novela

Não é exagero dizer que, se há uma unanimidade no cinema nacional hoje, ela é o pernambucano Irandhir Santos, 35.

Premiado na categoria de melhor ator no festival de Gramado deste ano por sua atuação em "Tatuagem", ele está presente nos principais títulos nacionais dos últimos anos: de "Tropa de Elite 2" (2010) a "O Som ao Redor" (2012), de "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005) a "Febre do Rato" (2011).

Agora, mira na televisão. Em janeiro de 2014, reforça o elenco de "Amores Roubados", minissérie da TV Globo baseada em um folhetim do início do século 20, "A Emparedada da Rua Nova", de Carneiro Vilela, uma trama de paixão e desgraça cujo cenário era o centro do Recife. Na televisão, foi adaptada aos dias de hoje e localizada no sertão.

Santos interpreta João, sobrinho e braço direito de Murilo Benício, o homem poderoso da cidade e antagonista da trama. Este é o segundo papel de Santos na televisão, que foi o protagonista da minissérie "A Pedra do Reino" (2007), dirigida por Luiz Fernando Carvalho.

Leo Caldas/Folhapress
O ator pernambucano Irandhir Santos
O ator pernambucano Irandhir Santos

Para Santos, o trabalho foi intenso --os atores filmaram por três meses no Nordeste--, mas ele não assustou. Em entrevista à Folha em Paulo Afonso, o ator conta que encararia sim um trabalho mais longo em televisão, como uma novela. "Sim, por que não? Confesso que tenho um certo receio do ritmo que a TV tem como um todo, um ritmo a que não sou acostumado a trabalhar. Mas como um bom desafio, encararia sim", diz.

Irandhir Santos começou no teatro, sua "primeira paixão na vida", ainda na década de 1990. Graduou-se em Licenciatura em Artes Cênicas, na Universidade Federal de Pernambuco em 2003 e em 2006 partiu para o cinema, sua outra paixão. "Agora, quero transformar essa paixão em amor, intensificando os laços. Sinto que é algo para toda a minha vida."

Ao que parece, ele está conseguindo alcançar esse objetivo. Acaba de filmar "Circo" de Chico Teixeira, em São Paulo. "Foi uma experiência incrível. Depois que assisti à 'Casa de Alice' (2007), primeiro filme dele, quis trabalhar com esse diretor. O convite veio e eu agarrei, digamos assim", afirma. No ano que vem, estará ainda em "Obra", do Gregório Graziozi, e em "Permanência", de Leonardo Lacca.

E o teatro? "O teatro está um buraco no meu coração de saudades, tenho vacilado e isso me deixa triste", diz. Mas explica que o quadro pode ser revertido. Tem conversado com Hilton Lacerda sobre um projeto para os palcos que aconteceria em 2014.

A opinião de quem trabalha com ele é entusiasmada. Para o ator Cauã Raymond, "é um dos melhores atores de hoje". Eles contracenam na minissérie da Globo "Amores Roubados".

Para Lacerda, dirigi-lo é "um delicioso estado de tensão". "É compreender o processo de criação de um ator em expansão constante. Dirigi-lo é estabelecer uma cumplicidade marginal, todo o tempo", diz.

A crítica concorda. Sérgio Alpendre escreveu na Folha que a interpretação em "Tatuagem" de Santos é um "assombro, uma das maiores do século 21, aqui ou alhures". É provável que continue a assombrar também na televisão.

A repórter viajou a convite da TV Globo


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