Folha de S. Paulo


Filme 'Gravidade' quer mostrar o espaço como ele é

"Mexicanos malucos!". Sandra Bullock define como ninguém a equipe de "Gravidade", que estreia hoje no Brasil depois de se transformar em sensação nos EUA.

Ela não está exagerando.

'Gravidade' podia ser mais real, diz astronauta brasileiro Marcos Pontes

Para criar a maior estreia de um longa em outubro --com faturamento de cerca de US$ 55 milhões nos EUA--, e um dos favoritos ao Oscar, o diretor mexicano Alfonso Cuarón precisou ser um pouco louco.

Divulgação
Em 'Gravidade', Sandra Bullock interpreta astronauta que tenta sobreviver após ficar à deriva no espaço
Em 'Gravidade', Sandra Bullock interpreta astronauta que tenta sobreviver após ficar à deriva no espaço

A história sobre dois astronautas (Bullock e George Clooney) à deriva na órbita terrestre após uma onda de detritos atingir seu ônibus espacial exigiu recursos técnicos inéditos no cinema.

Para recriar movimentos em gravidade zero, Cuarón inventou guindastes especiais para levantar os atores. Para simular a falta de horizonte no espaço, usou máquinas semelhantes a um selim acoplado a um braço gigante. Para reproduzir a luz, cubículos iluminados que rodavam com a pessoa no interior.

"Quando comecei o roteiro, o filme teria efeitos especiais convencionais. Mas não foi o caso", diz o cineasta à Folha. "Passamos dois anos desenvolvendo essas novas tecnologias. Elas são como um martelo. Inventei um novo, mas martelei bastante os dedos antes de acertar o prego."

Nestes anos todos martelando, Cuarón viu astros (Robert Downey Jr., Angelina Jolie, Scarlett Johansson) abandonarem o projeto, que parecia impossível de ser filmado.

"James Cameron foi o único que falou: 'Você pode fazer esse filme'.", diz o mexicano que recebeu dele um elogio. "É o melhor filme espacial da história do cinema", disse o criador de "Avatar".

O filme teve consultoria da Nasa e é repleto de cenas detalhistas e extravagantes. Logo na abertura, Cuarón filma por 17 minutos, sem cortes visíveis, o conserto do telescópio Hubble pela personagem de Bullock e pela equipe do ônibus espacial Explorer, enquanto Clooney passeia pela órbita contando piadas.

"Queria fazer algo como um documentário em Imax no espaço, que não tem muitos cortes pela exigência do ambiente", diz. "Precisava ser o mais realista possível. Não é 'Superman', em que o estilo de fantasia esconde o que não faz sentido."

O estúdio bem que tentou transformar "Gravidade" em fantasia. Ideias como achar um par masculino para a personagem de Bullock, que se recupera da morte da filha, ou sequências com mísseis explodindo foram ventiladas ao diretor, que gastou US$ 80 milhões (R$ 176 milhões) na produção.

"No fim, entenderam que o filme era sobre renascimento e sobre enfrentar adversidades", diz Cuarón. "O espaço é apenas uma desculpa."

GRAVIDADE
PRODUÇÃO EUA/Reino Unido, 2013
DIREÇÃO Alfonso Cuarón
ONDE Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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