"Não há de entrar nesta casa nem mesmo um vento da rua", sentencia Walderez de Barros em cena em "A Casa de Bernarda Alba", em cartaz no Teatro Cultura Artística.
A atriz mítica consagrada na TV e no teatro, parceira de Plínio Marcos no palco e fora dele, elegeu o clássico de Federico García Lorca (1898-1936) para comemorar 50 anos de carreira.
Na peça, Bernarda impõe às cinco filhas um luto de oito anos após a morte do marido. Transforma seu lar num misto de cárcere e convento, reprimindo qualquer sinal de desejo ou prazer.
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
Walderez (ao centro) em cena de 'A Casa de Bernarda Alba' |
Bernarda simboliza o autoritarismo. "Criada dentro dos padrões conservadores de comportamento, ela quer impedir a transformação. Suas filhas representam o novo, as mudanças", diz Walderez de Barros.
O texto foi a última criação de Lorca, escrito pouco antes da Guerra Civil Espanhola e de o autor ser assassinado. Segundo a atriz, a luta por amor e liberdade travada pelas mulheres em "A Casa de Bernarda Alba" foi um alerta de Lorca. "A peça é uma metáfora do que estaria por vir."
Para Elias Andreato, diretor da montagem, o recorte sombrio do universo feminino convida o público a refletir sobre a condição da mulher na atualidade e o passado político do Brasil.
A CASA DE BERNARDA ALBA
QUANDO sex., 21h30; sáb, às 21h; dom., às 18h30; até 1º/12
ONDE Teatro Cultura Artística (av. Presidente Juscelino Kubitschek., 1.830; tel. 0/xx/11/3078-7427)
QUANTO R$ 50 (sex. e dom.) e R$ 60 (sáb.)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos