Folha de S. Paulo


Tela de Lygia Clark pode bater recorde em leilão nesta quinta

Uma tela de Lygia Clark pode se tornar na noite desta quinta-feira (29) a obra mais cara de um artista brasileiro vendida em leilão.

O lance inicial por "Superfície Modulada nº4", obra de 1958 da artista neoconcreta, no leilão da Bolsa de Arte em São Paulo, é de R$ 4,5 milhões. Mas, segundo a reportagem apurou, mesmo antes da disputa um colecionador já ofereceu R$ 5 milhões pela peça.

Segundo a casa de leilões, a tela, que pertencia à coleção de Luiz Buarque de Hollanda, já despertou interesse de três colecionadores estrangeiros.

Caso a oferta de R$ 5 milhões seja confirmada, desbancará o recorde anterior também atingido por Lygia Clark, quando "Contra Relevo (Objeto N. 7)", de 1959, foi arrematado por US$ 2,2 milhões, ou R$ 4,5 milhões na cotação da época, em maio deste ano na casa de leilões Phillips, em Nova York.

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Tela
Tela "Superfície Modulada nº4", obra de Lygia Clark que pode atingir recorde em leilão

Embora não tenha muito "apelo visual", nas palavras de Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte, "Superfície Modulada nº4" é uma obra seminal na trajetória de Clark, morta em 1988. Ela foi exposta na Bienal de Veneza em 1968 e está cotada para participar da megarretrospectiva da artista marcada para o ano que vem no MoMA, em Nova York.

Composta por placas distintas de madeira montadas sobre a tela, a série foi um marco na transição das obras de Clark e na história do neoconcretismo brasileiro, quando artistas abandonaram a superfície bidimensional das telas para criar obras que se expandiam no espaço.

No caso de Clark, a série antecedeu a criação de suas famosas esculturas em metal articulado, os "Bichos", criaturas geométricas que podiam ser manipuladas pelo público. Um deles foi vendido por € 1,8 milhão, ou R$ 4,7 milhões na época, na feira Art Basel, em Basileia, há dois anos.


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