Folha de S. Paulo


Zé Ramalho prevê química com Sepultura no Rock in Rio

Vai ter catarse no palco Sunset da sexta edição do Rock in Rio. É o que promete Zé Ramalho, um dos convidados do espaço implantado no evento de 2011 para promover uma espécie de intercâmbio musical e que, neste ano, contará com 54 atrações em encontros variados.

O cantor e compositor paraibano dividirá a cena com a banda de heavy metal Sepultura no último dia do festival, em 22 de setembro.

A aproximação entre a cultura nordestina e os riffs metaleiros não é inédita.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
O cantor Zé Ramalho em show em São Paulo, em julho
O cantor Zé Ramalho em show em São Paulo, em julho

Quando fazia a trilha do longa "Lisbela e o Prisioneiro" (2003), de Guel Arraes, o músico e produtor André Moraes propôs a união na canção "Dança das Borboletas". A aceitação dos envolvidos foi imediata.

"A princípio a gente não conseguia ver essa junção, mas no estúdio parecia que nos conhecíamos há tempos. Foi uma química muito boa", afirmou Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura.

Parceria com Alceu Valença registrada em seu primeiro álbum homônimo, de 1978, "Dança das Borboletas" --"o elo desse show", segundo Kisser-- será tocada ao vivo em versão heavy metal pela primeira vez no Rock in Rio.

Além dela, estão confirmadas "Jardim das Acácias", do repertório de Ramalho, e "Ratamahatta", do Sepultura.

Gravada no álbum "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", de 1980, "Admirável Gado Novo" é prometida como momento alto do show.

Questionado se a indignação expressa na canção, entre versos como "vida de gado / povo marcado / povo feliz", pode ser adaptada às manifestações das ruas, Zé Ramalho aponta que a roupagem roqueira fará com que ela fique "atualíssima".

"Não foi uma música feita para ficar parada no tempo", afirma o compositor.

Kisser aproveitou o momento para exaltar a importância do heavy metal no festival, que este ano ganhou dois dias dedicados ao gênero. E afirmou que o rock pesado ainda sofre preconceito da grande mídia.

"O público do heavy metal ainda é bastante ignorado. Em eventos como o Criança Esperança, por exemplo, não há nenhuma banda de metal", diz o músico.

Zé Ramalho endossou e comentou que as programações "ainda são muitos baseadas em músicas de novela".

"Eles [os organizadores] não sabem que arrecadariam muito mais dinheiro se tivessem heavy metal", afirma.

Para Kisser, a aproximação com um universo aparentemente distante do metal pode provocar reações adversas nos fãs. "Mas, nesses 30 anos de carreira, já educamos nosso público a esperar por situações inusitadas", lembra ele, citando o encontro com o Tambores do Bronx no mesmo festival, há dois anos.

Zé Ramalho diz que toda sua obra tem algo de rock'n' roll. E está entusiasmado para a mistura de forró e rock. O paraibano, aliás, não trará nenhum músico da sua banda. "Estou só com o Sepultura. E muito bem enterrado."


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