Quando Matthew Akers, diretor de "Artista Presente", conheceu Marina Abramovic, ainda duvidava da força da performance como um meio de expressão artística.
"Nunca tinha visto uma performance boa", conta Akers à Folha. "Mas o que ela fez no MoMA foi uma grande obra de arte. É sobre vencer todos os limites da dor e ser ela mesma um condutor dessa experiência. Seu brilhantismo está na simplicidade."
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Ou num simulacro dela. Akers passou 11 meses seguindo a artista ao redor do globo e gravou 700 horas de imagens para seu filme sobre a retrospectiva de Abramovic em Nova York há três anos.
Jenni Morello/Divulgação | ||
Cena do documentário 'Marina Abramovic - Artista Presente', do diretor Matthew Akers |
Por trás do minimalismo da performance, em que a artista ficava cara a cara com cada espectador da mostra sem dizer nada, está um exército de assistentes, longas sessões de fotos, viagens, entrevistas e reuniões sem fim.
De cético, Akers passou a aguerrido defensor de uma das artistas mais polêmicas do século 20, considerada a maior performer viva hoje. "Ela sabe usar seu carisma", diz o diretor. "É alguém que exala charme e energia."
E também disciplina. "Ela me disse que eu teria acesso a tudo, até me deu uma chave de seu apartamento", diz o diretor. "Mas também disse que queria controlar tudo."
Nesse retrato cinematográfico, Abramovic parece, de fato, centralizar todas as decisões. Ela dá ordens, define, resolve, controla cada detalhe, nervosa com o tamanho da obra que estava armando. E a lente de Akers segue tudo no encalço, muito de perto.
Tudo parece inabalável pela rigidez da artista, até o momento em que ela fica frente a frente com Ulay, antigo parceiro de trabalho, amante e grande amor de sua vida.
Na performance, Abramovic não resiste, quebra suas regras e estende as mãos para tocar as dele. Akers chama esse momento de um "presente dos deuses do cinema".