Folha de S. Paulo


Odair José fecha a Virada Cultural no Sesc Santo Amaro

Depois de apresentações de luta livre, karaokê e sessões de manicure, o público do Sesc Santo Amaro assistiu ao show de Odair José, que fechou a programação dedicada ao universo brega.

Faltando ainda 20 minutos para o início do show, todas as cadeiras já estavam ocupadas. No entanto, logo ao primeiro acorde a pista foi tomada e mulheres em torno dos 60 anos correram em direção ao palco para dançar embaladas pelos clássicos românticos.

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Folha - Como é fechar o palco dedicado ao brega na Virada Cultural?
Odair José - Eu gosto de tocar para qualquer público. Porém não gosto do rótulo de brega, pois era uma forma de diminuir o trabalho dos outros. Por isso eu defino a minha música como popular. Aliás, é mais difícil fazer uma boa música com poucos acordes do que com vários. É mais fácil fazer um Djavan do que um parabéns a você. E falar de amor é sempre bom.

As suas músicas têm sempre uma conotação social? Dá onde veio a ideia de que a música brega é alienada?
É um preconceito, até porque, na época da ditadura militar, eu fui o segundo artista mais censurado, só perdendo para o Chico Buarque. As minhas músicas tocavam na ferida da sociedade, que era e continua sendo muito hipócrita. Como o cantor Otto disse, eu era o músico das boates e puteiros. Eu já falei da pílula e da empregada doméstica. A vitória delas hoje começou lá em 1973. Isso também é uma forma de participação política, né?

E como você vê a música hoje?
A música hoje está muito ruim. Vocês da mídia divulgam qualquer coisa e as pessoas vão atrás achando que é bom. Os compositores têm que fazer músicas que durem para sempre e não 30 minutos. Por exemplo, dos meus 35 discos, só gosto de dez.


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