Folha de S. Paulo


Crítica: Drama político "Linha de Ação" sofre com roteiro raso e previsível

Allen Hughes está longe de ser um diretor competente, como demonstram os filmes que realizou com o irmão gêmeo Albert -o blockbuster evangélico "O Livro de Eli" (2010) é o mais conhecido deles por aqui. Em seu primeiro voo solo na direção, Allen resolveu contar uma história de corrupção no meio político, tema atualíssimo em várias latitudes, mas não conseguiu lhe dar a menor originalidade.

O roteiro cheio de clichês de Brian Tucker, outro estreante, não ajuda. Os personagens são superficiais, a história é previsível apesar das reviravoltas, o final se quer surpreendente mas é pouco crível, e ainda tenta empurrar boas intenções morais.

Acusado de matar um estuprador, o policial Billy Taggart (Mark Wahlberg) acaba sendo absolvido, mas é obrigado a deixar a corporação, instado pelo prefeito de Nova York, Nicholas Hostetler (Russell Crowe), que manobrou para que nenhuma prova pudesse ser apresentada contra o assassino. Sete anos depois, Taggart --que virou detetive particular e está à beira da falência-- é chamado pelo prefeito para descobrir com quem Cathleen, sua mulher (Catherine Zeta-Jones), o está traindo.

Divulgação
Cena de
Cena de "Linha de Ação", dirigido por Allen Hughes

Hostetler está em plena campanha pela reeleição e teme que o suposto "affaire" da mulher ponha tudo a perder. Ao espionar Cathleen, Taggart acaba se envolvendo em um escândalo imobiliário em que o prefeito é o principal implicado. Para embaralhar as coisas, o detetive é o maior suspeito de um assassinato relacionado ao escândalo. Os três personagens têm algo a esconder, mas a evolução da trama traz revelações que o espectador mais atento pode intuir com antecedência.

A verossimilhança, fundamental para o espectador se interessar pela história, não é o forte do roteiro e contribui bastante para o naufrágio. Taggart não é convincente como detetive, pois não percebe que é seguido. Papeis relacionados ao escândalo são displicentemente jogados na lata de lixo. Cathleen vive rodeada de guarda-costas, mas a vigilância é furada facilmente por Taggart. Hostetler, pintado como um espertalhão, cai como um patinho na cena final.

LINHA DE AÇÃO
DIREÇÃO Allen Hughes
PRODUÇÃO EUA
ONDE Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ruim


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