Folha de S. Paulo


Equipe de "Dark Blood" detalha última cena de River Phoenix antes de morrer

"Dark Blood", o filme perdido de River Phoenix, foi exibido nesta quinta-feira (14), no 63º Festival de Cinema de Berlim. Apesar de ter estreado no Festival de Cinema da Holanda, em setembro passado, o longa agora ganhou mais olhares curiosos na Berlinale --mesmo chamado de "incompleto" pelo seu diretor, George Sluizer ("O Silêncio do Lago").

Phoenix estava nos últimos dias de filmagens de "Dark Blood" quando morreu, em 31 de outubro de 1993, aos 23 anos, vítima de uma overdose de cocaína e heroína, em Los Angeles. Ele tinha acabado de voltar do deserto do Utah, onde rodara por seis semanas com os atores Jonathan Pryce ("Brazil - O Filme") e Judy Davis ("Maridos e Esposas").

"Durante todo o tempo das filmagens, eu não o vi experimentando drogas de nenhuma forma. E jantávamos todas as noites. Tenho lindas lembranças dele", ressaltou Pryce, único do elenco na entrevista coletiva realizada após a sessão.

Pryce interpreta um ator que, ao lado da mulher (Judy), fica preso no deserto do Utah e encontra um homem (Phoenix) perturbado com a morte da mulher por envenenamento radioativo de testes nucleares na região.

O diretor de fotografia Edward Lachman ("Erin Brockovich") foi mais preciso em seus comentários sobre Phoenix. "Sua última cena foi em um túnel com Judy", recorda-se o fotógrafo. "Foram quatro tomadas para conseguir a sequência e, quando George gritou 'corta', por alguma razão esquecemos a câmera ligada. River ficou dez segundos na frente dela e virou a silhueta perfeita."

Mas o acidente acabou se perdendo nestes 20 anos que separaram as filmagens e as primeiras exibições de "Dark Blood" em festivais. "Seria um final perfeito para o longa, porque ele vem de encontro 'a câmera e some como um fantasma", completou Lachman.

"Não sei o que aconteceu com o trecho, mas os negativos estavam fora das minhas mãos entre 1993 e 1999. Muita gente pegou e mexeu no filme", reclamou Sluizer, que recobrou a obra de um armazém em Londres.

Como o diretor decidiu que seria impossível completar "Dark Blood" após a morte de seu protagonista, a seguradora precisou pagar aos produtores e, em troca, recebeu os negativos, logo armazenados pela companhia. Seis anos depois, eles seriam destruídos se o cineasta não os tivesse "roubado", como ele mesmo admite.

"Precisei ser rápido, porque eles iam queimar tudo em dois dias", explicou George Sluizer.


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