Jos� S�rgio Gabrielli de Azevedo
Pasadena: mitos e verdades
A aquisi��o de Pasadena foi aprovada porque era vantajosa. Empres�rios do conselho que n�o pertenciam ao governo foram favor�veis
Pasadena foi um bom neg�cio? A resposta � sim para o momento da compra, mas n�o teria sido sob o cen�rio entre 2008 e 2012.
Nos �ltimos dois anos, as condi ��es do mercado de petr�leo, sobretudo nos Estados Unidos, voltaram a se inverter, com a crescente valoriza��o dos ativos.
A refinaria est� em opera��o todos esses anos e, devido � disponibilidade de petr�leo leve e barato no Texas, como efeito do "shale gas" [g�s de xisto], ela � lucrativa, ainda que a Petrobras n�o tenha realizado os investimentos para capacit�-la a processar petr�leo pesado.
Irresponsavelmente, a oposi��o distorce fatos e dados sobre sua aquisi��o, criando uma narrativa que desinforma a popula��o, prejudica a imagem da Petrobras e atenta na deprecia��o de seu valor de mercado.
Vamos aos mitos: o primeiro refere-se ao fato de que o antigo propriet�rio de Pasadena, o grupo Astra, pagou US$ 42,5 milh�es pela refinaria e depois revendeu � Petrobras por US$ 1,25 bilh�o.
A verdade � que a Astra desembolsou US$ 360 milh�es antes de revender por US$ 554 milh�es, sendo US$ 259 milh�es pagos pela Petrobras em 2006, como afirmou a presidente da empresa, Gra�a Foster, e US$ 295 milh�es posteriormente � disputa judicial, j� em junho de 2012, mas considerando as condi��es de mercado de 2006. O crescimento da demanda de derivados nos EUA, sobretudo de 2004 a 2007, levou a um aumento progressivo no pre�o das refinarias, contudo, o valor de Pasadena foi inferior � m�dia das transa��es em 2006.
Outro mito aponta para suposto equ�voco do Conselho de Administra��o na compra de refinaria no exterior. O fato � que a decis�o atendia ao planejamento estrat�gico da companhia definido em 1999, no governo FHC, que previa investir em refino no exterior para lucrar com a venda de derivados de petr�leo, sobretudo no mercado americano.
Em 2004, o mercado brasileiro de consumo de combust�veis estava est�vel havia uma d�cada, enquanto a demanda no exterior era crescente. A Petrobras seguiu estrat�gia recorrente: pagar mais barato por uma refinaria de �leo leve e adapt�-la para processar �leo pesado.
A aquisi��o de Pasadena foi aprovada pelo conselho porque era vantajosa e atendia ao planejamento estrat�gico. A decis�o foi pautada em parecer financeiro do Citigroup, que, entre 2003 e 2012, atuou em 125 transa��es do setor. Empres�rios que participavam do conselho e n�o pertenciam ao governo foram favor�veis � compra.
O terceiro mito � que as cl�usulas "put option" (op��o de venda) e "marlim" (referente ao petr�leo brasileiro) seriam as respons�veis por transformar um bom neg�cio no momento da compra em um mau neg�cio no cen�rio entre 2008 e 2012.
Neste per�odo, o mundo mudou, n�s descobrimos o pr�-sal e o planejamento estrat�gico da Petrobras acompanhou as mudan�as. O mercado de derivados nos EUA se alterou drasticamente. Foram as varia��es de margens de refino e os diferenciais de pre�o entre o petr�leo leve e pesado que fizeram a lucratividade de Pasadena variar. Enquanto isso, no Brasil, a demanda por derivados se aqueceu, levando a companhia a investir em refino interno.
Quanto � cl�usula "marlim", que garantiria a rentabilidade de 6,9% � s�cia da Petrobras no caso de duplica��o da capacidade de refino, ela � in�cua. Como n�o houve o investimento, e essa � a raz�o da disputa judicial, ela n�o � v�lida. Isso foi reconhecido pela Justi�a americana.
A oposi��o precisa aprender que assuntos t�cnicos requerem uma abordagem diferente do espet�culo de uma CPI em ano eleitoral. Perceber�o, mais uma vez, que a Petrobras continua sendo uma das empresas mais produtivas do mundo.