Folha de S. Paulo


Crise da água

Reservas do Cantareira despencam 84% em 2014

Sistema perdeu 464,6 bilhões de litros de água e termina ano com 7,2% da capacidade

Valor perdido é maior que as capacidades dos sistemas Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia e Rio Claro somadas

DE SÃO PAULO

As reservas do sistema Cantareira, que hoje abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e passa pela pior crise hídrica em 84 anos, caíram 84% em 2014.

O valor equivale a 464,6 bilhões de litros de água, 152 bilhões a mais que as capacidades dos sistemas Guarapiranga, Rio Grande, Alto Cotia e Rio Claro juntas.

No Réveillon de 2013, o Cantareira contava com 555,6 bilhões de litros, 43,8% da capacidade do manancial, considerando o volume útil e as duas cotas do volume morto --reserva técnica-- disponíveis atualmente.

Agora, a virada do ano no sistema foi "a seco": foram 91,4 bilhões de litros, ou 7,2% de sua capacidade, 0,1 ponto percentual menos que anteontem (30/12).

O Cantareira chegou a ficar mais de oito meses sem ter aumento no nível de suas reservas. Na véspera de Natal, porém, passou de 6,7% para 7%, após dois dias de chuvas intensas no manancial.

No decorrer de 2014, uma série de medidas foi anunciada pelo governo estadual para tentar contornar a crise hídrica em São Paulo.

Em julho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) recuou da intenção de sobretaxar quem gasta mais água, mas acabou anunciando em dezembro a cobrança adicional para 31 cidades.

A medida depende de aval da Arsesp (agência estadual de saneamento) e deve ser liberada em janeiro.

Pela proposta, quem tiver um aumento de gasto de até 20% em relação à média de consumo de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014 terá acréscimo de 20% na conta.

Já os que gastarem acima de 20% da sua média terão ônus de 50% na fatura.

Na segunda (29), a Sabesp mostrou que tinha a intenção de poupar grandes comércios e indústrias que têm contrato na modalidade denominada "demanda firme".

Para que um cliente fosse enquadrado nesse modelo (com tarifas diferenciadas), seria necessário o consumo de 500 m³ ou mais por mês.

Na terça-feira (30), porém, a empresa afirmou que foi decidido que todos os consumidores seriam tratados da mesma maneira.


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