Folha de S. Paulo


Você sabe por que hoje é o Dia Nacional da MPB?

Desde o ano passado, o dia 17 de outubro passou a ser o Dia Nacional da Música Popular Brasileira.

A data foi criada pela presidente Dilma e foi escolhida por ser o aniversário de nascimento da primeira compositora popular brasileira: Chiquinha Gonzaga. Ela nasceu em 1847 no Rio de Janeiro. É dela a música "Ó Abre Alas", que se tornou um hino do carnaval brasileiro.

Acervo Edinha Diniz
Chiquinha Gonzaga em 1877. Crédito: Acervo Edinha Diniz ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Chiquinha Gonzaga em 1877

Naquela época, as mulheres não tinham espaço na política ou na música, e Chiquinha Gonzaga, além de ser compositora e regente, participou das grandes causas sociais de seu tempo. Suas músicas misturavam vários ritmos, como o tango, o choro e a marcha e transitavam entre o erudito e o popular.

Em junho de 1979, a "Folhinha" estreou a série "Para Colecionar", sobre dez músicos que faziam sucesso naquela época e outros que tinham sido importantes para divulgar a música brasileira no Brasil e no exterior. Passaram pelas páginas do caderno nomes como Tom Jobim, Adoniran Barbosa, Maria Bethânia, Cartola e João Gilberto.

A primeira biografia, no entanto, foi a do cantor e compositor Chico Buarque. Confira o texto na íntegra.

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Chico Buarque de Holanda
Francisco Buarque de Holanda nasceu no dia 19 de junho de 1942, no Rio de Janeiro.

Aos dois anos mudou-se para São Paulo. Aos oito anos, nova mudança. Desta vez foi para a Itália, onde seu pai fora lecionar; porém depois de dois anos já estava de volta ao Brasil.

Quando adolescente, Chico aprendeu a tocar violão ouvindo discos de João Gilberto e começou a participar dos festivais de música junto com o violinista Toquinho.

Não demorou a obter sucesso: em 1966, cantando A Banda, venceu o II Festival de Música Popular Brasileira, e no ano seguinte, classificou-se em 3º lugar com a música Roda Viva.

Continuou participando de festivais com grande destaque Sabiá, de parceria com Tom Jobim, 1º lugar no 3º Festival Internacional da Canção; Benvinda, 1º lugar no júri popular do 4º Festival de Música Popular Brasileira.

Atualmente, com quase dez LPs gravados, Chico Buarque é parceiro dos maiores nomes da nossa música, entre eles Gilberto Gil (Cálice), Caetano Veloso (Vai levando), Francis Hime (Piveti), Rui Guerra (Tatuagem), Milton Nascimento (O cio da Terra), Tom Jobim (Retrato em Branco e Preto), e Toquinho e Vinicius (Samba de Orly).

Além de cantor e compositor, ele também é autor teatral (Roda Viva, Calabar, Gota DÁgua, Opera do Malandro, Saltimbancos), e escritor (Fazendo Modelo).

Seus maiores sucessos são: Terezinha, Maninha, João e Maria (com Sivuca), Construção, Folhetim, Trocando em Miúdos (com Francis Hime) e Olhos nos Olhos.

Zanone Fraissat/Folhapress
O cantor Chico Buarque durante show do cantor Carlos Careqa no Sesc Pompeia em julho deste ano
Chico Buarque durante show do cantor Carlos Careqa em julho deste ano

A Rita

A Rita levou meu sorriso
no sorriso dela meu assunto
levou junto com ela
o que é de direito
arrancou-me
do peito e tem mais
levou seu retrato,
seu prato, seu trapo
que papel!
Uma imagem de São Francisco
e um bom disco de Noel
a Rita matou nosso amor
E de vingança
nem herança deixou
não levou um tostão
porque não tinha não
mas causou perdas e danos
levou os meus planos,
meus pobres enganos
os meus vintes e meu coração
e além de tudo
me deixou mudo o violão


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