Folha de S. Paulo


Peruanos velam mortos ao lado do Estádio Nacional, em Lima

Sérgio Rangel/Folhapress
Funerária fica a 100 m do Estadio Nacional, no Peru
Funerária fica a 100 m do Estadio Nacional, no Peru

Apesar da festa dos torcedores peruanos, os arredores do Estádio Nacional também têm espaço para a tristeza.

Enquanto milhares de fãs do futebol local faziam o "esquenta" nesta terça (15) para assistir à partida contra o Brasil, dezenas de familiares se despediam dos seus parentes numa das maiores funerárias da capital, localizada a cerca de 100 metros da entrada sul da arena.

"Nada me surpreende. A vida é assim. Uns choram e outros festejam. O mundo não para", afirmou a doméstica Isabel Alianda, 42, ao deixar o Velatório Camino de Paz para fumar um cigarro. Ela estava com familiares no velório de um amigo, morto no início da manhã desta terça. O grupo pretendia virar a noite na funerária.

A chegada no portão principal do estádio surpreende pela quantidade de floristas, que vendem coroas e artigos para velórios.

O governo já tentou retirá-los de lá, mas eles resistem. Há cerca de três anos, a prefeitura inaugurou um mercado de flores em outro pontos da cidade, deu incentivos para os floristas se mudarem, mas a maioria ficou de frente ao Estádio Nacional.

Segundo a associação dos floristas locais, os primeiros vendedores chagaram na região há 50 anos.

"Este comércio faz parte da tradição da nossa cidade. Por isso, ficamos aqui. Não tem problema misturar futebol com morte. Em dias de jogos, o movimento diminui. Mas todos sabem onde encontrar coroas para os seus queridos. Basta vir aqui", disse Paola Grada, 45, dona de uma loja na Jose Diaz, a rua que leva os torcedores ao portão principal da arena.

Sérgio Rangel/Folhapress
Apesar de tentativas da prefeitura de removê-los, floristas continuam na região do Estádio Nacional
Apesar de tentativas da prefeitura de removê-los, floristas continuam na região do Estádio Nacional

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