Folha de S. Paulo


Presidente do Corinthians diz temer por segurança de torcida no Itaquerão

Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, mostrou-se preocupado com a segurança dos torcedores na Arena Corinthians. A declaração do dirigente diz respeito ao vazamento de mais de 10 milhões de litros de água encontrado no estádio e que, teme-se, pode ocasionar um deslizamento de terra na área, segundo revelou a Folha nesta terça-feira (1º).

"Sempre é preocupante, tudo é preocupante. Já estamos conversando com a Odebrecht [construtora do estádio] para que avalie a situação, para que diga se há riscos, se há mesmo o problema. A gente sempre teme [pela segurança dos torcedores]."

Além disso, também há preocupação no clube com a queda de pedaços do teto em alguns locais do estádio.

Lâminas de porcelana de três milímetros de espessura, medindo três metros de largura por um de comprimento, já caíram no setor norte da arquibancada, e até mesmo dentro do gramado.

Os incidentes aconteceram em dias sem jogos, em áreas onde costumam circular pessoas. "Você fala em desabamento... Ninguém sabe, todo mundo fala e todo mundo é leigo. Eu não sou engenheiro. Quem vai falar é a engenharia", disse Andrade à reportagem, após o sorteio dos grupos do Campeonato Paulista de 2017, nesta terça.

"Não tenho opinião [sobre o vazamento]. Quem tem de atestar isso é a construtora. Eles construíram o estádio e só eles podem dizer se tem problema ou não. O estádio foi construído pela Odebrecht", disse, acrescentando que o Corinthians já pediu explicações à empresa.

"Falei com o departamento jurídico e eles já estão se movimentando para cobrar explicações da Odebrecht."

MAIS SOBRE ARENA CORINTHIANS

Procurado na tarde desta terça, Rogerio Mollica, diretor jurídico do clube, disse que o Corinthians elaborava um questionamento formal para enviar à construtora.

"É uma questão muito técnica. O departamento jurídico não tem condições de analisar. Vamos indagar a Odebrecht para que ela responda formalmente se há risco ou não [de deslizamento]. Estamos elaborando o documento e devemos enviá-lo rapidamente", afirmou Mollica.

A Prefeitura afirmou em nota que vistoriou o estádio e não constatou riscos.

"A Prefeitura informa que há 15 dias procedeu a uma vistoria com engenheiro fiscal e Defesa Civil na Arena Corinthians. Não foi constatado nenhum risco. O subprefeito Maurício Luis Martins intimou o clube para que apresente no prazo regulamentar [30 dias] um laudo sobre a reforma que está sendo feita no estacionamento."

OS PROBLEMAS

A Folha revelou nesta terça que uma auditoria interna do Corinthians investiga o risco de haver um deslizamento de terra na área externa do estádio. O temor é que possa atingir a Radial Leste, uma das principais vias da zona leste da capital paulista.

O incidente poderia ocorrer em razão de um vazamento de água no estacionamento da arena corintiana, inaugurada em 2014 para sediar a Copa do Mundo.

O problema foi descoberto em junho de 2016. Um ano antes, a administração do estádio foi alertada pela Sabesp sobre o consumo excessivo de água. Em fevereiro, houve um deslizamento de terra na área ao lado do estacionamento leste, que chegou até a calçada da Radial Leste.

Uma apuração interna do clube indicou que havia uma relação entre o deslizamento e um vazamento de água no subsolo do estacionamento, que fica no lado leste da arena. O local comporta 350 carros e está sendo utilizado por torcedores em dias de jogo.

"O que aconteceu foi que um registro de água estourou, a conta subiu, a Sabesp nos avisou, e então consertamos. Não foi nada demais, foi o tipo de problema que acontece na casa de qualquer um. E digo mais: toda a água foi para o esgoto, não teve infiltração em lugar algum", disse Emerson Piovesan, diretor financeiro do Corinthians, em contrapartida.

OUTRO LADO

A Odebrecht, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não fará nenhum comentário sobre o assunto.


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