Folha de S. Paulo


Relatório de agência antidoping aponta 'falhas sérias' na Rio-2016

Fabrice Coffrini/AFP
Craig Reedie, presidente da Wada, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro
Craig Reedie, presidente da Wada, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

Relatório divulgado nesta quinta-feira (27) pela Wada (Agência Mundial Antidoping) sobre os métodos de controle antidoping na Rio-2016 aponta "falhas sérias" nos procedimentos adotados durante o evento. Segundo o documento, diversos atletas escolhidos para fazerem os exames "simplesmente não puderam ser encontrados", e "mais de 50% dos testes foram abortados".

Nomeado "Relatório de Observadores Independentes", o documento de 55 páginas da Wada apresenta mais números alarmantes, como aproximadamente 100 amostras que não foram relacionadas a algum atleta devido a erros no preenchimento de dados; pouco ou nenhum exame de sangue durante as competições de esportes de alto risco, "incluindo levantamento de peso"; nenhum teste fora de competição no futebol, o que é classificado pela Wada como "surpreendente"; e uma amostra que desapareceu e foi localizada apenas duas semanas após os Jogos.

Segundo avaliação da Wada, houve falta de coordenação na equipe encarregada de dirigir o departamento antidoping da Rio-2016.

O relatório ainda descreve supostas falhas de funcionários da Rio-2016 que estavam encarregados de informar os atletas dos procedimentos dos exames antidoping e acompanhá-los. A Wada lista diversos motivos que teriam levado às falhas desses acompanhantes: não aproveitamento do conhecimento adquirido em outras edições dos Jogos, resultando em falta de material para treinamento e orientação; planejamento prévio inadequado; suporte insuficiente a esses funcionários, que teriam passado por poucas experiências de treinamento prático, teriam ficado sem uma estrutura adequada de transporte para voltarem a suas residências e receberiam um número insuficiente de tíquetes para suas refeições.

Para a agência, a consequência do suposto trabalho inadequado da equipe da Rio-2016 é "minar o respeito e a confiança entre atletas no programa antidoping, e fornecer oportunidades para atletas experientes e inescrupulosos que podem querer manipular o controle antidoping".

A despeito da série de críticas, a Wada ressalta que a Rio-2016 representa um "legado extraordinário", para o antidoping na América do Sul.

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