O maior escândalo de corrupção da Fifa é a grande névoa no currículo de João Havelange, morto nesta terça-feira (16) aos 100 anos: a ISL (International Sport and Leisure), maior agência esportiva dos anos 1980 e 1990.
A empresa chegou a deter os direitos comerciais da Copa do Mundo e da Olimpíada. Mas iniciou processo de falência em 2001.
A ação de falência na Justiça suíça descobriu que foram pagos R$ 189,8 milhões a cartolas da Fifa.
A empresa foi à bancarrota por administração temerária, fraude e corrupção. O rombo nas contas da ISL foi de US$ 300 milhões.
Os nomes dos dirigentes subornados foram mantidos em sigilo pelo judiciário suíço após acordo com a Fifa. Dois dos acusados aceitaram devolver parte do dinheiro e pagar multa para encerrar o caso. No final de 2010, a BBC denunciou que João Havelange e seu ex-genro Ricardo Teixeira estavam entre os beneficiados pela ISL.
Segundo a emissora britânica, o ex-presidente da Fifa levou US$ 1 milhão (R$ 1,7 milhão na época) da empresa. A BBC diz que o dinheiro foi depositado, por engano, para a Fifa, que o repassou em seguida a Havelange. O episódio ocorreu na década de 90 e foi descoberto no processo de falência.
Havelange sempre se negou a falar do tema, mas renunciou à presidência de honra da Fifa e a seu cargo no COI (Comitê Olímpico Internacional) por causa da polêmica.
A ligação de Havelange com a ISL sempre foi estreita. A companhia foi criada por Horst Dassler, então dono da Adidas. Dassler foi um dos maiores responsáveis pela ascensão do brasileiro à presidência da Fifa. A Adidas é até hoje um dos principais patrocinadores da Copa do Mundo.