Folha de S. Paulo


Por criticar cartolas da CBF, opositor pode ser afastado por um ano e meio 

Divulgação/Federação Catarinense de Futebol
O vice-presidente da CBF, Delfim Peixoto. http://www.fcf.com.br/federacao-catarinense-de-futebol-celebra-90-anos-de-fundacao/
O vice-presidente da CBF Delfim Peixoto

Único vice da CBF opositor de Marco Polo del Nero, o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, corre o risco de ser punido por 540 dias pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na próxima quinta (14).

Peixoto foi indicado pela Procuradoria do tribunal por "ofender a honra" dos cartolas da confederação. 

Em entrevistas, o catarinense chamou de "golpe" a eleição em dezembro do presidente da Federação Paraense de Futebol, coronel Antonio Carlos Nunes, para ser vice da CBF. Ele também acusou o paraense de ser "laranja" de Del Nero.

Na denúncia, o subprocurador-geral do STJD, Fernando Silva Júnior, alegou que Peixoto "vem fazendo circular na imprensa ofensas gratuitas contra dirigentes que integram a mesma entidade da qual faz parte, desrespeitando-os e ridicularizando-os, em clara e manifesta vontade de atingir-lhes em sua honra". 

"Nunca vi isso. Estamos num país livre e posso me manifestar sem censura. Não consigo entender como vou ser punido por mais de um ano apenas por ter opinião", afirmou o cartola.

Coronel Nunes, como gosta de ser chamado, foi eleito vice da CBF no dia 16 de dezembro para a vaga em aberto com a prisão de José Maria Marin.

A eleição do militar da reserva da PM do Pará foi a opção encontrada por Del Nero para evitar a posse de Peixoto em caso de renúncia. Com 75 anos, Peixoto era o primeiro na linha sucessória. A CBF tem cinco vices.

Pelo estatuto da entidade, o vice mais velho ocupa a presidência em caso de renúncia. Nunes tem 77 anos. 

Em dezembro, Del Nero se licenciou do comando da CBF após ser acusado de fazer parte de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de competições no Brasil e no exterior.

PENA AGRAVADA

Na denúncia, o subprocurador anexou seis reportagens e citou o artigo 184 do CBJD para pedir o agravamento da pena em seis vezes –quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica duas ou mais infrações, aplicam-se cumulativamente as penas.

Peixoto foi indiciado no artigo 243 do CBJD (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol), que prevê multa de até R$ 100 mil, além de suspensão de 90 dias –sem levar em conta o agravamento da pena pedido pelo procurador.

"O motivo do pedido da minha punição é horrendo. Parece que querem me silenciar. Será que voltamos a ditadura?", questionou o catarinense, que foi preso político no anos 60 e deputado pelo MDB nos anos 70.

Peixoto chegou a obter uma liminar na Justiça do Rio suspendendo a realização da eleição, que escolheu o coronel Nunes para ser vice da CBF, mas a entidade conseguiu reverter a situação na véspera do pleito.


Endereço da página:

Links no texto: