Folha de S. Paulo


Clubes paulistas se dividem em relação a clássicos com torcida única

Vídeo divulgado por um usuário do metrô mostra o momento do conflito na estação do Brás

A decisão tomada pelo Governo de São Paulo na segunda-feira (4) de realizar clássicos estaduais com torcida única até o fim do ano está longe de ser unanimidade. Nem mesmo entre os quatro principais clubes de São Paulo a opinião é uníssona.

Ouvido pela Folha, o presidente do Santos, Modesto Roma Jr., afirmou que não gosta da medida, mas que a apoia. "Torcida única é ruim. Mas acho que é uma medida para tentar melhorar algo a curto prazo, por isso não sou contra nesse momento. Mas o ideal é avaliar as causas das brigas que acontecem longe dos estádios", disse.

O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, vai na mesma linha de pensamento. Em declaração dada na terça-feira (5), o mandatário palmeirense apoiou a medida, mas afirmou que ela é insuficiente.

"Toda e qualquer medida que venha no sentido de coibir a violência ligada ao futebol terá o apoio da Sociedade Esportiva Palmeiras. Porém, não adianta se iludir achando que o simples fato de num clássico com torcida única a violência acabou. Isso porque esses vândalos travestidos de torcedor de futebol podem muito bem se agrupar para promover a selvageria, como aconteceu no domingo passado, mesmo não podendo ir ao estádio", disse Nobre durante o vídeo.

O São Paulo se pronunciou através de sua assessoria de imprensa. O clube não declarou apoio à decisão e afirmou que a medida não resolve a situação.

"O São Paulo vai cumprir integralmente todas as determinações da Secretaria de Segurança Pública, embora acredite que estabelecer torcida única nos clássicos não ataque as reais causas do problema".

O Corinthians, por sua vez, não quis tomar partido e informou que "só vai se posicionar a respeito mais para frente".

Reprodução/Twitter
Torcedores depredam trem na estação Brás do metrô
Torcedores depredam trem na estação Brás do metrô

INÓCUA

As críticas à medida também vieram por outras frentes.

Pelé declarou à Folha nesta quinta (7) que é contra a determinação do Governo paulista, e que ela prejudica aqueles que gostam de ir ao estádio e que não se envolvem em brigas.

Especialistas ouvidos pela Folha também discordam da medida por considerá-la imediatista e inócua.

A decisão do Governo foi anunciada na última segunda-feira (4), em coletiva de imprensa, após quatro brigas acontecerem na Grande São Paulo no domingo, antes e depois do clássico entre Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu.

Um homem de cerca de 60 anos morreu em São Miguel Paulista, ao ser atingindo com um tiro no peito –ele não estava no confronto e só foi identificado nesta quinta.

Um dos homens agredido está internado no Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo, com trauma crânio encefálico.


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