Folha de S. Paulo


Organizada invade CT do Palmeiras; presidente da torcida nega violência

A maior torcida organizada do Palmeiras, a Mancha Alvi Verde, invadiu o centro de treinamento do clube na manhã deste sábado (26). Depois da entrada, reuniram-se com alguns jogadores e com a comissão técnica para discutir a má campanha do time no ano.

À tarde, o clube emitiu uma nota de repúdio à ação dos torcedores, na qual afirma que os integrantes da organizada forçaram a entrada no centro de treinamento, e que estudará possíveis atitudes junto da Federação Paulista, da Polícia Militar e do Ministério Público (leia íntegra abaixo).

"Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube", diz trecho da nota, que diz que o treinamento foi interrompido no episódio.

"Essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão", conclui.

À Folha, o presidente da organizada, Nando Nigro, negou que tenha acontecido uma invasão, detalhou a entrada do grupo de cerca de 120 pessoas no CT, e disse que a conversa com os jogadores foi produtiva.

"Não foi uma invasão, não agredimos ninguém, não depredamos. Chegamos, os portões estavam abertos, fomos abordados pelos seguranças, que disseram que não poderíamos entrar. Dissemos que o assunto não era com eles, eles entenderam, e então, sem violência alguma, fomos até o campo onde aconteciam os treinos", explica, ressaltando que tudo aconteceu antes do início do treino.

"Ficamos cerca de 40 minutos no CT. Nesse tempo, se tivéssemos quebrado ou agredido, teria chegado até um helicóptero da PM. Enquanto eu estiver à frente da torcida, isso de quebrar carro ou bater em jogador não vai acontecer."

"Queríamos falar com três jogadores, Zé Roberto, Prass e Robinho, que são os líderes do elenco. Falamos primeiro com o Cuca, que disse que precisaríamos conversar com o gerente de futebol [Cícero Souza], para ver se os jogadores aceitariam o papo. O Cícero conversou com os atletas, e então quase o grupo todo falou conosco: além dos três, Arouca, Egídio, Allione, Cristaldo, o volante Gabriel, Edu Dracena, Lucas", complementa.

"Fomos lá para entender o que está acontecendo e pedir para que eles se resolvam. Perguntamos se existe racha no elenco, eles negaram, disseram que não existe isso. É normal que não se tenha afinidade com todo mundo, mas não é possível que um time que há alguns meses ganhou a Copa do Brasil esteja jogando assim. Cobramos empenho, então, que eles se doem. Demos um voto de confiança aos jogadores, dissemos que a torcida está fechada com eles. Como somos uma espécie de fiscal do clube, também somos cobrados por torcedores. Falamos com os jogadores, agora estamos juntos, atrás do mesmo resultado."

Na última derrota do time, na quinta-feira, torcedores levaram faixas ao Pacaembu com mensagens de questionamento sobre o dinheiro proveniente do patrocinador e do Avanti, programa de sócio torcedor do clube. Além disso, uma das faixas mostrava a frase "elenco de série B".

Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Cuca durante atividade no centro de treinamento do Palmeiras
Cuca durante atividade no centro de treinamento do Palmeiras

No começo da semana, outro incidente marcou a crise na equipe alviverde. Depois de perder para o Audax, torcedores picharam a frente do muro do estádio palmeirense.

Desde 2013, quando jogadores foram atacados em Buenos Aires, o presidente Paulo Nobre cortou relações com a torcida, e não permite a reunião de membros da organizada com atletas do clube.

LEIA A NOTA DO PALMEIRAS NA ÍNTEGRA

"A Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público repudiar a ação da Mancha Verde, que invadiu a Academia de Futebol na manhã deste sábado (26). Os integrantes da organizada forçaram a entrada e atrapalharam o último treino da equipe antes da partida diante do Água Santa, válida pela 12ª rodada do Campeonato Paulista 2016.

Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube.

Diante da prática de se invadir o ambiente de trabalho de profissionais e estatutários na Academia de Futebol, o comando do Palmeiras irá estudar com Federação Paulista de Futebol, Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Ministério Público atitudes para que fatos lamentáveis como os de hoje não voltem a acontecer.

Por fim, essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão."

Leandro Martins/FramePhoto
Torcedores do palmeiras, picharam os muros do estádio Allianz Parque, nesta manhã do dia 21/03/2016, estádio que fica na cidade de São Paulo - SP Brasil. Foto: Leandro Martins/FramePhoto *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Muro do Allianz Parque foi pichado

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