Folha de S. Paulo


STF nega pedido de habeas corpus de Del Nero para não ser preso em CPI

O Supremo Tribunal Federal negou nesta quinta-feira (19) o pedido de habeas corpus para o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero.

Na semana passada, Del Nero entrou com o pedido para que não seja preso e para que possa ficar calado durante um futuro depoimento na CPI do Futebol.

A sua solicitação, que foi aberta por três advogados, entre eles o da CBF, Carlos Eugênio Lopes, estava com o ministro Gilmar Mendes, que classificou a medida como "incabível".

Pelas redes sociais, o senador Romário (PSB-RJ), que preside a CPI, afirmou que a decisão de Mendes "reforça o trabalho da CPI do Futebol".

"Está claro que o Del Nero está com medo que a lei seja cumprida. A comissão de inquérito não trabalha na ilegalidade e seus membros têm atuado estritamente dentro da lei", disse Romário. "Questionar isso é desrespeitoso com os senadores que estão empenhados em contribuir com o futebol brasileiro, afastando do esporte aqueles que praticaram malfeitos e insistem em continuar praticando", completou.

Del Nero, no processo aberto, havia feito três pedidos:

a) o direito de ser assistido e comunicar-se com o(s) seu(s) advogado(s);
b) não ser obrigado a assinar Termo de Compromisso de dizer a verdade; e
c) não ser preso ou ameaçado de prisão ao invocar o direito constitucional ao silêncio, tendo em vista respostas que, a seu critério ou a critério de seu(s) advogado(s), possam incriminá-lo

CPI DO FUTEBOL

Investigações feitas pela Justiça dos Estados Unidos indicam que o presidente da CBF, Marco Del Nero dividiu propina paga pela Traffic com José Maria Marin, ex-presidente da CBF, que está em prisão domiciliar nos EUA.

Em setembro, a CPI do Futebol recebeu os dados fiscais e bancários de Del Nero.

Uma equipe técnica, formada por advogados, policiais, servidores do Senado, membros do TCU (Tribunal de Contas da União) e da Receita Federal analisam os documentos desde 12 de março de 2012, quando Del Nero assumiu o cargo de vice da CBF, com a renúncia de Ricardo Teixeira.

Não há prazo para que a CPI chegue a uma conclusão, principalmente porque a equipe quer cruzar os dados recebidos com os contratos da CBF que também foram solicitados.

SEM VIAJAR

Antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial, Del Nero jamais faltado havia faltado a um evento importante da Fifa para o qual havia sido convocado. Após a prisão de Marin, o presidente da CBF optou por não sair mais do Brasil.

Para começar, foi embora de Zurique antes mesmo do congresso da Fifa, que definiria a quarta reeleição de Joseph Blatter na presidência.

Em julho, foi o único dos 27 membros do comitê executivo que não compareceu na reunião extraordinária do órgão que visava definir a data da eleição para a sucessão de Blatter. Também faltou ao Mundial de futebol de praia, realizado em Espinho, Portugal.

Ele também não foi ao Chile acompanhar de perto a seleção brasileira na fracassada campanha da Copa América, além de não acompanhar os amistosos da seleção, brasileira nos EUA, entre outros eventos.


Endereço da página:

Links no texto: