Folha de S. Paulo


Contrato de amistoso entre Argentina e Bolívia foi assinado na cadeia

Fredy Perez/AFP
Conmebol's treasurer and Bolivian Football Federation president Carlos Chavez speaks to the press from a cell after he was arrested on alleged corruption in Sucre, Bolivia on July 21, 2015. Bolivian judge Roberto Valdivieso determined tuesday that Chavez will be sent to Palmasola prison in Santa Cruz, one of the most overcrowded and dangerous prisons of the country. AFP PHOTO/Fredy Perez ORG XMIT: BOL502
O presidente da FBF, Carlos Chávez, dá entrevista na cela após ser preso, em julho

O amistoso entre Argentina e Bolívia, nesta sexta (4) à noite, em Houston, nos EUA, foi formalizado na cadeia.

Preso por denúncias de corrupção, o presidente da Federação Boliviana de Futebol, Carlos Chávez, assinou o contrato com os organizadores da partida no Centro Penitenciário de Santa Cruz de la Sierra.

A informação foi revelada pela BBC e confirmada à Folha pelo vice-presidente da entidade, Marco Ortega.

Segundo ele, o contrato foi assinado no início de agosto e pegou a atual administração de surpresa.

Em meio à crise detonada pelas denúncias de corrupção e prisão do dirigente, a FBF não tinha dinheiro sequer para pagar as contas do dia a dia, e a seleção boliviana não tinha um técnico.

"Tivemos que fazer uma vaquinha entre os clubes para pagar as passagens dos jogadores para Houston", contou Ortega, que ficou em Cochabamba.

O técnico da seleção boliviana Júlio César Baldivieso foi anunciado na última segunda (31) e assumiu a equipe que foi convocada pelos dirigentes na sexta (28).

A pressa acabou prejudicando a convocação da Bolívia, que chegou aos EUA sem lateral esquerdo.

Segundo o jornal boliviano "Página Siete", os dirigentes se esqueceram de indicar um jogador para a posição. Outros atletas não puderam embarcar porque não conseguiram tirar a tempo o visto para entrar nos EUA.

"Morreremos de pé", disse o treinador assim que chegou a Houston, nesta quinta (3), em um momento de sinceridade extrema.

Segundo reproduziu o "Página Siete", Baldivieso disse que esse é um jogo que "ninguém queria jogar".

Aizar Raldes/AFP
The new Bolivian football team coach Julio Cesar Baldivieso during the signing of his contract and presentation to the press in La Paz on August 31, 2015. AFP PHOTO/AIZAR RALDES ORG XMIT: BOL560
O técnico da Bolívia, Júlio César Baldivieso, durante a sua apresentação

COMO COMEÇOU

O amistoso entre Argentina e Bolívia foi organizado pelas produtoras argentinas Torneos Y Competencias (TyC) e Full Play, investigadas por casos de corrupção na Fifa.

Os dirigentes das duas empresas estão presos. Alejandro Burzaco, da Torneos, foi extraditado para os EUA. Hugo e Mariano Jinkis, da Full Play, estão detidos na Argentina e aguardam decisão sobre sua extradição.

Segundo a imprensa argentina, 13 seleções rejeitaram jogar contra a Argentina, por não querer se envolver com as duas empresas neste momento, entre as quais a seleção brasileira.

Procurada, a TyC não quis comentar a informação.

Segundo o jornal "La Nación", para garantir a partida – um teste para a seleção argentina a um mês do início das Eliminatórias da Copa da Rússia –, a seleção argentina baixou seu cachê de US$ 1 milhão para US$ 500 mil.


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