Folha de S. Paulo


Candidato à Fifa, Platini tenta se aproximar da 'periferia' do futebol

Presidente da Uefa (confederação europeia de futebol), o ex-jogador francês Michel Platini anunciou nesta quarta (29) a sua candidatura à presidência da Fifa, em eleição marcada para fevereiro.

O dirigente enviou uma carta às 209 federações filiadas à Fifa, em que prometeu "juntar todas as federações e respeitar a diversidade do desporto no mundo inteiro".

"À frente da Uefa (...) dei a cada federação, de menor ou maior dimensão, o lugar que ela merece. Agora, é em nível mundial que ambiciono oferecer a todas as federações um projeto comum, juntando todas num único objetivo: reunir o planeta do futebol, dando voz a todos", disse.

O aceno a todas as confederações é a maneira encontrada por Platini para tentar se afastar da marca de ser um representante europeu. Nos últimos anos, ele defendeu interesses dos clubes de seu continente, que vivem em batalha com a Fifa para liberar cada vez menos seus atletas para torneios da entidade.

Se quiser ser eleito, Platini precisará dos votos das Américas —cujas federações já acenaram favoravelmente a ele— e de boa parte da Ásia e África, continentes que, desde 1974, quando o brasileiro João Havelange substituiu o inglês Stanley Rous na presidência, passaram a ter prioridade nas decisões da Fifa.

Havelange, que comandou a Fifa de 1974 a 1998, e seu sucessor, Joseph Blatter, ganharam apoios desses continentes aumentando a participação na Copa, subindo o número de competidores de 16 para 32, e levando o torneio à Ásia (Japão e Coreia do Sul, em 2002) e à África, com a Copa sul-africana em 2010.

Apesar de suíço, Blatter nunca foi unanimidade entre os europeus, a ponto de na última eleição, em maio deste ano, as associações do continente terem votado, em sua maioria, no opositor Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia que pode, inclusive, ser rival de Platini em fevereiro.

Blatter decidiu deixar o cargo em meio ao escândalo de corrupção que levou à prisão sete cartolas ligados à Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Platini ainda não apresentou suas ideias, mas anteriormente já sugeriu, por exemplo, aumentar para 40 o número de participantes na fase final da Copa do Mundo.

Para seus adversários, o ponto fraco do francês pode ser ter apoiado e votado para a Copa de 2022 ser no Qatar. Há suspeitas de que houve compra de votos na eleição, mas seu nome não apareceu entre possíveis subornados.

O brasileiro Zico, também ex-jogador, falou que pretende se candidatar, mas ele não terá o apoio de sua confederação. Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, não revelou nem a aliados se pretende seguir seus pares da Conmebol e votar em Platini.

CBF e Conmebol estão em atrito desde que Del Nero voltou ao Brasil antes da eleição a presidente da Fifa, em maio, e não saiu mais do país, em meio a prisões de cartolas.

COLÉGIO ELEITORAL DA FIFA

Infográfico Votos por confederação


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