Folha de S. Paulo


Maior escândalo de corrupção do futebol faz um mês; relembre

Exatamente um mês atrás, no dia 27 de maio, sete dirigentes ligados à Fifa, incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foram presos na Suíça acusados de pagamento/recebimento de propinas em contratos de exploração comercial de competições esportivas. Foi o estopim para o maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial.

O caso ganhou proporções históricas e levou até mesmo à convocação de novas eleições presidenciais na Fifa.

Por isso, a Folha separou o que de mais importante aconteceu nos últimos 30 dias na Fifa, na Conmebol e também na CBF.

FIFA

Denúncias:

  • Ministério Público da Suíça identificou 53 movimentações bancárias suspeitas em relação às investigações sobre as Copas do Mundo de 2018 e 2022; FBI está investigando esses processos
  • Qatar presenteou três integrantes do comitê executivo da Fifa (o brasileiro Ricardo Teixeira, o argentino Julio Grondona e o paraguaio Nicolás Leoz) com relógios de ouro antes da votação da sede da Copa-2022
  • Depoimento de Chuck Blazer, ex-integrante do comitê executivo da Fifa, relata que a África do Sul comprou votos na escolha da sede da Copa-2010 e que Marrocos também pagou propina para tentar receber o Mundial de 1998
  • Fifa pagou 5 milhões de euros à Irlanda para não entrar na Justiça contra ela em virtude de um erro de arbitragem nas eliminatórias da Copa do Mundo que a tirou da competição em 2010
  • A pedido do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, a entidade repassou à Concacaf US$ 10 milhões de dinheiro que iria para a África do Sul. O valor seria pagamento de propina a Jack Warner pelo voto na escolha da sede da Copa-2010

Reações:

  • Quatro dias após ser reeleito para um mandato até 2019, o presidente Joseph Blatter convocou uma eleição extraordinária para escolher o novo mandatário da entidade. O pleito deve acontecer até março do próximo ano.
  • A lista de quem tem interesse em concorrer à presidência da Fifa é extensa: Príncipe Ali Bin Hussein, Michel Platini, David Ginola, Diego Maradona e Zico, entre outros
  • Fifa admite rever sedes das Copas de 2018 e 2022 caso haja comprovação de compra de votos nos processos seletivos
  • O Nobel Peace Center, que responde pelos prêmios Nobel, encerrou uma parceria que tinha com a Fifa
  • Interpol suspende parceria com a Fifa em programa de combate à corrupção no futebol
  • O então diretor de comunicação da Fifa, Walter di Gregorio, é demitido
  • Autoridades suíças invadem sede da Fifa para colher documentos e possíveis provas de casos de corrupção
  • Fifa adia o processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2026, inicialmente marcado para maio de 2017
  • Presidente Joseph Blatter não vai à Nova Zelândia para Mundial sub-20 e a até agora não visitou o Canadá durante o Mundial feminino
  • Entidade exclui temporariamente do futebol os dirigentes indiciados pela Justiça dos EUA

CONMEBOL

Denúncia:

  • Dirigentes ligados à entidade receberam, entre eles Nicolás Leoz, José Maria Marin e Julio Grondona, propina na negociação de contratos comerciais da Copa América. O acordo com a Datisa previam o pagamento de US$ 110 milhões em suborno para vários dirigentes do continente.

Reações:

  • Entidade irá romper os contratos de exploração comercial da Libertadores (com a Torneos y Competencias) e da Copa América (com a Datisa, joint venture de três empresas: Traffic, Full Play Group e Torneos y Competencias)
  • A sede da entidade teve revogada seu direito de embaixada. Ou seja, agora pode ser alvo de invasão policial
  • Vaticano recusa doações que a entidade faria relacionadas a gols marcados na Copa América
  • Copa América vira deserto de dirigentes; presidentes das associações nacionais filiadas, inclusive o brasileiro Marco Polo del Nero, não vão ao Chile

CBF

Denúncia:

  • Os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin, além do atual, Marco Polo del Nero, dividiram propinas na negociação dos direitos comercias da Copa do Brasil. Desde 2012, o suborno pago pela Klefer seria de R$ 2 milhões anuais divididos entre os três cartolas. O nome de Marin consta na peça acusatória; Teixeira e Del Nero têm a identidade preservada no documento

Reações:

  • Sede da CBF perde o nome de José Maria Marin, que também deixa a vice-presidência da entidade
  • O advogado criminalista Roosevelt Bormann fez um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para que José Maria Marin seja extraditado para o Brasil, e não para a Suíça
  • Senado tenta montar CPI do Futebol, ainda não aprovada
  • O jornalista Marcelo Netto, diretor de comunicação da CBF, deixou o cargo
  • Entidade aprova mudanças estatutárias que limitam o presidente da CBF a ser reeleito apenas uma vez e aumentam poder dos clubes na organização das competições
  • Após abandonar o congresso da Fifa antes mesmo da eleição presidencial. Marco Polo del Nero concede entrevista coletiva na CBF sem painel ao fundo com marcas dos patrocinadores
  • Polícia federal invade sedes da Klefer e da CBF em busca de documentos e dados que comprovem casos de corrupção.

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