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Campeão em Roland Garros, Melo mandava fax para tentar patrocínio

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Meados da década de 1990, em Belo Horizonte. Pelo fax da empresa, chega a mensagem de um menino de 12 anos pedindo patrocínio para sua iniciante carreira de tenista.

Vinte anos mais tarde, aquele mineiro que procurava os contatos em listas telefônicas ganha o torneio de Roland Garros, em Paris, um dos mais famosos e importantes do tênis.

Entre as duas empresas que o ajudaram na época –uma agência de viagens e uma loja de informática– e o sábado, 6 de junho, quando ergueu o troféu de duplas no saibro do Grand Slam francês, Marcelo Melo, 31, ganhou US$ 2,6 milhões, outros 14 títulos e faz parte da melhor dupla do ano ao lado do croata Ivan Dodig. Mas não esqueceu o começo de sua trajetória no esporte.

Ernesto Rodrigues/Folhapress
Marcelo Melo segura troféu de Roland Garros na redação da Folha
Marcelo Melo segura troféu de Roland Garros na redação da Folha

"Eu imprimi meu currículo, que ainda não era tão expressivo, e ficava todo o final de semana passando fax. Depois de uns quatro meses chegou uma nova lista lá em casa e eu comecei tudo de novo. Acabou dando certo", contou Melo durante entrevista transmitida pela TV Folha, nesta quarta-feira (10).

O objetivo do garoto era aliviar as despesas dos pais com os três filhos tenistas. Não foi fácil, porém, convencê-los de que a estratégia havia funcionado.

"Às vezes as respostas vinham por fax, e uma empresa me chamou para conversar. Eu mostrei para minha mãe, e ela disse 'ah, você tem 12 anos, foi só uma resposta política'. Insisti tanto que tivemos uma reunião com a proprietária", relembrou.

A dona afirmou ter gostado da atitude do jovem atleta, e firmaram um patrocínio que durou três ou quatro anos.

"Ela ofereceu um pouco menos do que eu pedia, mas logo falei 'tá bom, tá bom'. Mesmo assim, me ajudou bastante", disse, aos risos.

WIMBLEDON

Marcelo Melo conquistou o sonho de vencer um Grand Slam, mas admite ter um carinho especial pelo torneio de Wimbledon, em Londres, que começa no próximo dia 29.

"Por toda a tradição que tem naquelas quadras. As pessoas dormem na fila para comprar ingresso, é preciso jogar todo vestido de branco. Se eu pudesse escolher dois Grand Slams para ganhar seriam Roland Garros e Wimbledon", afirmou.

Mesmo tendo levantado a taça em Paris, ao derrotar na final os irmãos Mike e Bob Bryan, o brasileiro acredita que os norte-americanos, com 16 Grand Slams na carreira, são favoritos ao título londrino.

"Acho que os Bryans ainda têm o favoritismo por todo o histórico deles. Continuam no alto nível. A gente é o segundo favorito, cabeça de chave número dois", argumentou.

"Mas vamos chegar com mais respeito ainda. Os jogadores sabem o que significa um título de Grand Slam. Às vezes, até mais do que eu."


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